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Infectologia15 fevereiro 2022

CROI 2022: tratamento do HIV em crianças – estudo Tatelo

Continuando com o painel da CROI 2022 que focou no cuidado com crianças expostas ao HIV, trazemos um resumo do segundo estudo apresentado. 

Continuando com o painel da Conference on Retoviruses and Opportunistic Infections (CROI) 2022 que focou no cuidado com crianças expostas ao HIV, trazemos um resumo do segundo estudo apresentado.

Confira o primeiro estudo aqui.

criança com HIV no hospital, esperando medicamento do estudo tatelo

Estudo Tatelo

Outra estratégia avaliada e apresentada nessa edição foi o uso de anticorpos monoclonais contra HIV. O racional por trás do estudo é a hipótese de que anticorpos monoclonais neutralizantes (bNAbs) são capazes de suprimir o RNA do HIV-1 e podem conseguir depletar os reservatórios residuais. Nesse sentido, crianças que recebem TARV precocemente seriam bons candidatos para tratamento com bNAbs, uma vez que reservatórios pequenos e a diversidade limitada do vírus podem estar associados a melhores desfechos.

O estudo Tatelo é um ensaio clínico de braço único conduzido em Botswana em crianças infectadas pelo vírus HIV e que tenham recebido TARV contínua iniciada nos primeiros 7 dias de vida. Para serem elegíveis, as crianças deviam ter 96 semanas de vida ou mais e carga viral indetectável (< 40 cópias/mL) por 24 semanas antes da entrada no estudo.

As crianças incluídas receberam infusões intravenosas mensais de uma combinação de 2 bNAbs (VRCO1LS e 10-1074). O desenho do estudo incluiu três passos consecutivos:

  • Passo 1: TARV + terapia combinada com bNAb por 8 – 32 semanas (as primeiras 6 crianças incluídas receberam as duas terapias por 32 semanas; as crianças subsequentes, por 8 semanas);
  • Passo 2: terapia combinada com bNAb somente por até 24 semanas, com avaliação de carga viral a cada 1 – 2 semanas;
  • Passo 3: interrupção de terapia com bNAb e reinício de TARV (TARV foi reiniciada se carga viral > 400 cópias/mL ou após 24 semanas).

Resultados

Vinte e oito crianças foram incluídas no passo 1, com mediana de idade de 3,6 anos (2,4 – 5,6 anos) e mediana de CD4 de 1.198 células/mm³. Todas estavam em um esquema de TARV baseado em lopinavir/ritonavir. Das 28 crianças, três apresentaram rebote de viremia e foram excluídas, com 25 progredindo para o passo 2.

Dentre essas 25 crianças em que a TARV foi interrompida, 44% (11/25) mantiveram carga viral < 40 cópias/mL durante as 24 semanas de terapia somente com bNAb e foram consideradas como casos de sucesso. Cinquenta e seis por cento (14/25) das crianças apresentaram rebote, com carga viral > 400 cópias/mL antes de 24 semanas, com uma mediana de tempo de quatro semanas até a falha terapêutica. Os resultados ultrapassam os valores pré-definidos de sucesso pelo estudo, que seria de 30%.

Ao avaliar possíveis fatores relacionados a sucesso da estratégia, os autores encontraram as seguintes características: crianças com mais tempo de TARV associada a terapia com bNAb tiveram maior chance de sucesso; as crianças incluídas mais precocemente tiveram maior chance de sucesso (as com mais tempo de supressão viral foram incluídas primeiro) e crianças com características clínicas e de reservatório pré-intervenção favoráveis tiveram maior chance de sucesso.

Das 14 crianças que falharam e em que rebote foi identificado, todas tornaram-se novamente indetectáveis com o retorno da TARV baseada em lopinavir/ritonavir, após uma mediana de 4 semanas após reinício da terapia. Interessante notar que nenhuma criança, tanto no grupo que apresentou sucesso, quanto as que falharam, apresentou tendência à queda na contagem de CD4.

Os bNAbs foram bem tolerados, sem reações infusionais durante o estudo e com poucos eventos adversos moderados relatados. Não houve eventos adversos graves.

Estamos acompanhando o CROI 2022. Fique ligado no Portal PEBMED!

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