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Infectologia24 janeiro 2024

Chikungunya: você sabe diferenciar essa arbovirose da dengue?

Tanto dengue quanto chikungunya são doenças virais que possuem o Aedes aegypti, um mosquito de hábitos urbanos, como principal vetor.

A chegada do verão pode estar associada a um aumento de casos de algumas doenças, como as arboviroses, assim chamadas as doenças que são transmitidas por insetos ou aracnídeos. Dentre essas, destacam-se dengue e chikungunya por seu potencial epidêmico. 

Veja também: Perigo do verão: arboviroses

Tanto dengue quanto chikungunya são doenças virais que possuem o Aedes aegypti, um mosquito de hábitos urbanos, como principal vetor. A. albopictus também é um potencial transmissor de ambas as doenças, porém possui hábitos mais silvestres. A proliferação de mosquitos, portanto, pode ser considerada como um fator que aumenta o risco da ocorrência dessas doenças. 

Além do vetor, dengue e Chikungunya possuem características comuns, principalmente na sua forma de apresentação, o que torna sua diferenciação clínica difícil. Apresentam-se de forma aguda e os sintomas iniciais de ambas as condições são inespecíficos: 

  • Febre 
  • Rash cutâneo 
  • Mialgia 
  • Artralgia 
  • Prurido 
  • Astenia 
  • Cefaleia 

As duas doenças têm caráter autolimitado e não possuem tratamento específico. Entretanto, podem evoluir com casos graves ou com manifestações atípicas, inclusive em sistema nervoso central. Aqui, vamos focar no vírus CHIKV e suas manifestações.  

chikungunya 

Chikungunya 

Chikungunya é causada pelo chikungunya vírus (CHIKV). Clinicamente, destaca-se pela intensa artralgia, que pode ser persistente e mesmo tornar-se crônica. A circulação do CHIIKV está presente em todo o território nacional, com Espírito Santo, Minas Gerais, Sergipe e Bahia concentrando o maior número de casos.

Entre 02/07/2023 e 13/01/2024, forma registrados 26.870 casos prováveis da doença no país, com um coeficiente de incidência de 13,2 casos/100 mil habitantes, o que corresponde a uma diminuição de 41,5% em relação ao período anterior nos anos de 2022/2023. Apesar dessa redução, o número de casos prováveis encontra-se fora dos limites do canal endêmico, o que indica um momento de epidemia. Dezoito óbitos foram registrados, a maioria na Região Nordeste. 

Considera-se que o indivíduo entrou em fase crônica da doença se seus sintomas persistirem por mais de  meses. Estima-se que em mais de 50% dos casos, há cronificação de artralgia, que pode ser intensa e necessitar de analgesia com anti-inflamatórios, corticoides ou, em alguns casos, drogas antirreumáticas. 

Além do potencial para cronicidade, a infecção por CHIKV pode levar ao desenvolvimento de sintomas atípicos, que podem afetar diversos sistemas, tais como sistema nervoso, cardiovascular, cutâneo ou renal. 

Sistema/órgão Manifestações 
Nervoso Meningoencefalite, encefalopatia, crise convulsiva, síndrome de Guillain-Barré, síndrome cerebelar, paresias, paralisias, neuropatias 
Ocular Neurite óptica, iridociclite, episclerite, retinite, uveíte 
Cardiovascular Miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca, arritmia, instabilidade hemodinâmica 
Pele Hiperpigmentação por fotossensibilidade, dermatoses vesiculobolhosas, ulcerações aftosas 
Renal Nefrite, insuficiência renal aguda 
Outros Discrasia sanguínea, pneumonia, insuficiência respiratória, hepatite, pancreatite, síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético, insuficiência adrenal 

Saiba mais: Malária: estratégias de diagnóstico precoce e tratamento

Prevenção 

O controle do vetor ainda é a principal forma de prevenção e controle de dengue e chikungunya. Nesse sentido, a eliminação de criadouros em domicílio e medidas de proteção para evitar picadas de mosquitos devem ser orientadas aos indivíduos e à população. 

Recentemente, o Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a vacina Qdenga, uma vacina atenuada, tetravalente, contra dengue. Essa vacina está indicada em indivíduos de 4 a 60 anos de idade, com esquema composto por 2 doses, com intervalo de 3 meses entre elas. 

Uma vacina brasileira contra a chikungunya está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica Valneva Áustria GmbH. 

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Referências bibliográficas

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