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Infectologia18 janeiro 2021

CDC atualiza as diretrizes de tratamento das infecções gonocócicas

Infecções sexualmente transmissíveis gonocócicas estão em um constante aumento, desde 2014, o que aumenta a importância do tratamento.

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) gonocócicas estão em um constante aumento desde 2014, segundo o CDC, além de estarem associadas a importantes sequelas a longo prazo na vida das mulheres, como: gravidez ectópica, infertilidade, além de facilitar a transmissão do vírus HIV, o que aumenta a importância do seu tratamento.

Neste ínterim, o CDC atualizou em 18 de dezembro de 2020 a diretriz para o tratamento destas infecções. Pelo antigo protocolo de 2010, a recomendação era 250 mg de ceftriaxona em dose única e 1 g de azitromicina também em dose única quando não era possível excluir infecção por chlamydia trachomatis. A nova atualização recomenda para o tratamento da gonorreia urogenital, retal ou faríngea o dobro de dose de ceftriaxona, ou seja, ceftriaxona 500 mg em dose única intramuscular, associado a doxicilina 100 mg por via oral duas vezes ao dia por 7 dias, quando não se pode excluir infecção por clamídia. Quando a ceftriaxona não pode ser usada devido à alergia à cefalosporina, uma dose única de 240 mg intramuscular de gentamicina mais uma dose oral única de 2 g de azitromicina é uma opção.

Leia também: Whitebook: você sabe diagnosticar corretamente a gonorreia?

O CDC orienta que o parceiro sexual da paciente deva ser tratado. Neste caso, é indicada dose oral única de 800 mg de cefixima mais doxiciclina 100 mg oral duas vezes ao dia por 7 dias, se infecção por clamídia não for excluída.

Tratamento de infecções sexualmente transmissíveis gonocócicas que estão em um constante aumento desde 2014

Evidências

As evidências apoiam a crescente preocupação com a eficácia da azitromicina no tratamento de infecções por clamídia, especialmente infecções retais, Outras patógenos relacionados à ISTs também têm demonstrado resistência, como Mycoplasma genitalium, Shigella e Campylobacter.

Já a ceftriaxona é uma cefalosporina de terceira geração com farmacocinética amplamente variável. O dobro da dose recomendada se justifica no contexto de a eficácia ser melhor prevista pelo tempo em que a concentração do medicamento livre no sangue permanecer mais alta do que a concentração mínima inibitória do organismo.

Estima-se que a ceftriaxona requer concentrações maiores do que a concentração mínima inibitória (MIC) por aproximadamente 20-24 horas para o tratamento eficaz da gonorreia urogenital. Uma dose de 250 mg de ceftriaxona não atinge de forma confiável níveis séricos necessários por um período prolongado. Os investigadores avaliaram a eficácia de várias doses de ceftriaxona (0,06-30 mg/kg de peso corporal). A dose mais baixa de ceftriaxona que foi 100% eficaz na erradicação do organismo suscetível (MIC = 0,008 micrograma/mL) 48 horas após o tratamento foi de 5 mg/kg de peso corporal, o que correspondeu a um f T > MIC de 23,6 horas. Traduzindo em doses humanas, uma dose de 500 mg corresponde a 5 mg/kg de peso corporal (80–100 kg) em humanos, enquanto 250 mg corresponde apenas a 3 mg/kg de peso corporal para uma pessoa de 80 kg.

Controle de cura

Um teste de cura é desnecessário para pessoas com gonorreia urogenital ou retal não complicada que são tratadas com os regimes recomendados. Porém, já para pessoas com gonorreia faríngea, um teste de cura é indicado, usando cultura ou testes de amplificação de ácido nucléico 7 a14 dias após o tratamento inicial, independentemente do regime de tratamento.

Reinfecção

O CDC estima que a reinfecção em 12 meses varia de 7% a 12% entre pessoas previamente tratadas para gonorreia, por isso, elas devem ser testadas novamente 3 meses após o tratamento, independentemente de acreditarem que seus parceiros sexuais foram tratados. Se o novo teste em 3 meses não for possível, os médicos devem fazê-lo dentro de 12 meses após o tratamento inicial.

Saiba mais: Gonorreia: em busca de alternativas de tratamento

Portanto, a resistência antimicrobiana emergente afeta as recomendações de tratamento com gonorreia e outras ISTs. O CDC mantém recomendação da monoterapia com ceftriaxona para o tratamento porque N. gonorrhoeae ainda é altamente suscetível a essa droga. Já a resistência à azitromicina está aumentando, sendo limitado seu uso nesse contexto.

Continuar a monitorar o surgimento de resistência à ceftriaxona por meio da vigilância e do relato dos profissionais de saúde sobre as falhas no tratamento será essencial para garantir a eficácia contínua dos regimes recomendados.

 

Referências bibliográficas:

  • Cyr S, Barbee L, Workowski KA, et al. Update to CDC’s Treatment Guidelines for Gonococcal Infection, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2020;69:1911–1916. doi: 10.15585/mmwr.mm6950a6
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