Ascaridíase é a infecção helmíntica mais comum em humanos, sendo considerada endêmica no país. O agente etiológico principal é o Ascaris lumbricoides, um nematódeo que pode ser encontrado em todo o território nacional. A espécie A. suum infecta porcos podendo eventualmente causar doença em humanos. Sua epidemiologia precisa enquanto parasitose humana é desconhecida.
Leia também: Abscesso hepático: como fechar o diagnóstico e conduzir o tratamento
A transmissão ocorre por meio da ingestão de solo contaminado. Essa contaminação se dá por eliminação de ovos nas fezes de um hospedeiro infectado. Ovos ingeridos, ou inalados e engolidos, eclodem no intestino delgado, liberando as larvas do parasita. Essas, por sua vez, penetram a parede do intestino e, através do sistema venoso, migram para coração e posteriormente para os pulmões, onde adentram os alvéolos e ascendem pela árvore traqueobrônquica para serem engolidos e maturarem no intestino novamente.
Não existe, portanto, transmissão pessoa a pessoa e os indivíduos se infectam normalmente por meio de contato de mãos e dedos que tenham solo contaminado com mucosas ou por meio da ingestão de alimentos com solo contaminado – especialmente em frutas e vegetais que não tenham sido adequadamente preparados.
Saiba mais: O que é amebíase, quais seus sintomas e tratamentos disponíveis?
Quais são os sintomas da ascaridíase?
A ascaridíase é frequentemente assintomática. Quando presentes, os sintomas mais comuns são dor ou desconforto abdominal, náuseas, dispepsia ou anorexia. Em situações em que a carga parasitária é elevada, podem ocorrer quadros de obstrução intestinal ou dos ductos biliares ou pancreáticos, e restrição de crescimento em crianças, principalmente quando outros fatores predisponentes à desnutrição estão presentes.
Durante a migração das larvas pelos pulmões, normalmente durante a segunda semana após a ingestão dos ovos, podem ocorrer sintomas respiratórios, tais como tosse seca, desconforto torácico, febre baixa e eosinofilia. Os sintomas regridem espontaneamente, mas alguns indivíduos podem desenvolver quadros mais graves, com dispneia e pneumonia eosinofílica, além de sibilos e infiltrados transitórios em exames de imagem. Esse quadro pulmonar é conhecido como síndrome de Löffler.
Prevenção e tratamento de ascaridíase
O diagnóstico de ascaridíase é realizado por meio de exame parasitológico de fezes, com visualização dos ovos de A. lumbricoides. Durante a migração para os pulmões, larvas podem ser encontradas em amostras de escarro ou de lavado gástrico.
O tratamento pode ser realizado com albendazol ou mebendazol. Ivermectina é uma alternativa. Casos de obstrução podem ter manejo conservador, com drenagem gástrica, reposição de volume e eletrólitos e terapia com anti-helmínticos após o restabelecimento da motilidade intestinal. Tratamento cirúrgico está indicado se não houver resposta às medidas conservadoras em 24h a 48h e na presença de vólvulo, intuscepção ou perfuração.
Veja ainda: Parasitoses entre os yanomami atinge alto índice
As medidas de prevenção principais envolvem saneamento básico e higienização das mãos e preparo adequado de alimentos, por meio de limpeza, retirada de cascas ou cozimento.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.