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Infectologia22 novembro 2025

Análise aponta contaminação por fungo e bactéria em hospital do Espírito Santo

A investigação também identificou a presença da bactéria Burkholderia cepacia em amostra de água proveniente de um bebedouro da unidade.
Por Camila Rangel

A Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo (Sesa) concluiu a investigação epidemiológica sobre o surto de histoplasmose no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, conforme boletim emitido na última segunda-feira, 10/11. Dos 141 casos suspeitos, foram confirmados 33 casos, sendo a maioria em profissionais de saúde. Os exames diagnósticos foram realizados pelo Lacen-ES, em parceria com a Fiocruz, que também participa da análise ambiental e clínica dos casos. 

A investigação também identificou a presença da bactéria Burkholderia cepacia em amostra de água proveniente de um bebedouro da unidade hospitalar, bem como em análises de amostras respiratórias de duas profissionais de saúde (os casos mais graves do surto). Trata-se de um patógeno oportunista com potencial de causar infecções em ambientes hospitalares. 

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Detecção e investigação

O aumento de atendimentos por síndrome respiratória aguda em 19 de outubro de 2025 motivou a abertura da investigação. A ação envolve equipes de vigilância em saúde estadual e municipal, com coleta de amostras clínicas e ambientais para identificação etiológica. 

A principal hipótese é que a exposição tenha ocorrido por inalação de esporos fúngicos, possivelmente devido à vedação inadequada de janelas, permitindo entrada de partículas contaminadas no ambiente hospitalar. 

Aspectos clínicos e epidemiológicos 

A histoplasmose é uma infecção fúngica sistêmica causada pelo Histoplasma capsulatum, fungo dimórfico presente em ambientes com fezes de aves e morcegos, solo contaminado, frutas secas e cereais. A transmissão ocorre exclusivamente por inalação de esporos — não há transmissão interpessoal. 

A doença pode se apresentar de forma assintomática ou leve, em indivíduos imunocompetentes e grave ou disseminada, em pacientes imunossuprimidos. 

Manifestações clínicas incluem febre, calafrios, tosse seca, fraqueza, perda de peso, dor de cabeça e dores musculares. O diagnóstico é realizado por meio de exames micológicos, histopatologia e sorologia. A confirmação laboratorial é essencial para definição de conduta terapêutica e vigilância epidemiológica. 

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Tratamento 

O antifúngico Itraconazol é a primeira escolha para o tratamento dos casos leves a moderados. Pacientes com quadro grave da doença devem receber tratamento com Anfotericina B. Após o tratamento inicial com esse antifúngico, é realizada manutenção com Itraconazol. O tratamento dessa micose é por tempo prolongando, podendo chegar entre 18 e 24 meses. 

Medidas de prevenção 

Não há vacina disponível. A principal medida preventiva é a redução da exposição ao fungo, especialmente em ambientes com risco de contaminação por fezes de aves ou morcegos. Em ambientes hospitalares, é essencial garantir vedação adequada, controle ambiental e protocolos de biossegurança. 

Autoria

Foto de Camila Rangel

Camila Rangel

Médica graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 2018. Infectologista pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais de 2019 a 2022. Mestra pela Faculdade de Medicina da UFMG em 2025. Infectologista do Controle de Infecção Hospitalar do HC-UFMG e Auditora Médica da Unimed Federação Minas.

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Referências bibliográficas

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