Ainda no penúltimo dia do XV congresso brasileiro de DST, XI Congresso brasileiro de AIDS, VI congresso latino-americano de IST/HIV/AIDS, a Dra. Caroline Oliveira, professora adjunta de ginecologia da UFF, falou sobre quando e como devemos rastrear as ISTs na prática diária.
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Quando rastrear IST na prática diária?
De acordo com o Ministério da Saúde, gestantes com menos de 30 anos devem ser rastreadas para clamídia e gonococo, além de HIV, VDRL e hepatites B e C.
Também não devemos esquecer o rastreio de rotina de clamídia e gonococo em mulheres sexualmente com menos de 25 anos anualmente. Como essa estratégia, os EUA conseguiram reduzir em pelo menos 25% a ocorrência de doença inflamatória pélvica.
A professora lembrou da importância de oferecer o rastreio de outras ISTs frente ao diagnóstico de alguma IST. A presença de clamídia aumenta o ambiente inflamatório, persistência do vírus HPV e dobra o risco de câncer de colo uterino.
Não há recomendação de rastreio de rotina para herpes e tricomoníase, mas devemos lembrar do rastreio de tricomoníase em pacientes com comportamento de risco e com história de alguma IST.
Os testes moleculares são o padrão ouro para diagnóstico, mas infelizmente ainda não estão disponíveis na rede pública.
Cervicites infecciosas
A Dra. Aparecida Monteiro, professora de ginecologia da Universidade Federal Fluminense falou sobre as cervicites infecciosas. A professora lembrou que cerca de 80% das mulheres serão assintomáticas.
Os principais fatores de risco são idade jovem, múltiplas parcerias, nova parceria, história previa de IST, imunossupressão.
Os sintomas associados podem ser corrimento anormal, sangramento intermenstrual, dispareunia, disúria.
As complicações futuras podem ser a doença inflamatória pélvica, dor pélvica crônica, infertilidade, gestação tubária.
O tratamento atual da clamídia é com doxiciclina por 7 dias por apresentar maior taxa de cura clínica do que a dose única de azitromicina.
No caso da gonorreia, o tratamento atual é com ceftriaxona pela alta taxa de resistência às quinolonas.
Úlceras genitais infecciosas
A Dra. Andrea Cytryn, chefe do serviço de Colposcopia do Hospital Federal de Ipanema, palestrou sobre as úlceras genitais infecciosas.
Foi lembrado a importância do exame cuidadoso da vulva durante o exame ginecológico.
Os detalhes da lesão ulcerada devem ser vistos como o tempo de surgimento e evolução, recorrências, bordos, fundo, dor, tamanho. A história clínica é fundamental.
As principais causas são o herpes genital e sífilis. Outras mais raras são o cancro mole, linfogranuloma venéreo e donovanose.
Foi comentado ainda que a Sociedade Internacional para o Estudo das Doenças Vulvovaginais (ISSVD) publicou um algoritmo que auxilia no diagnóstico e tratamento das úlceras genitais: Vulvar Ulcers: An Algorithm to Assist With Diagnosis and Treatment.
A doença de Behçet e úlcera de Lipschutz são os principais diagnósticos diferenciais das úlceras infecciosas.
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Mensagem final
As ISTs são, na maioria dos casos, assintomáticas e devem ser pensadas sempre nos atendimentos ginecológicos de qualquer mulher que tenha vida sexual, independente se ativa ou não no momento.
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