Os partos vaginais operatórios possuem suas indicações dentro da prática obstétrica. Entretanto, eles podem acarretar um aumento da morbidade materna e fetal. O conhecimento da estática fetal é imprescindível para reduzir essa morbidade e garantir uma boa indicação e execução. E na grande maioria das vezes essa avaliação fetal é feita pelo exame físico e toque vaginal. O uso do ultrassom no intraparto vem ganhando cada vez mais espaço e se mostrando como um bom auxiliar nas tomadas de decisão e melhorando os desfechos obstétricos.
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Um grupo de cientistas australianos publicou recentemente um artigo cujo objetivo foi comparar a acurácia das medições da descida fetal feitas por ultrassom transperineal intraparto, previamente a partos vaginais operatórios, em predizer complicações ou falhas.

Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática e metanálise comparativa que incluiu estudos com medidas ultrassonográficas bem estabelecidas: ângulo de progressão (AoP), direção da cabeça fetal (DC), distância cabeça períneo (DCP), distância cabeça sínfise púbica (DCSP), ângulo da linha média e distância de progressão (DP). Os estudos incluíam a obtenção dessas medidas previamente a parto vaginais operatórios para predizer desfechos obstétricos.
Resultados
Dezesseis estudos envolvendo 2.848 mulheres submetidas a tentativa de parto vaginal operatório foram incluídos. A acurácia prognóstica das medidas ultrassonográficas tomadas em repouso para prever falha ou complicação foi alta para o ângulo de progressão (área sob a curva [AUC] 0,891, 9 estudos) e distância de progressão (AUC 0,901, 3 estudos), moderado para direção da cabeça fetal (AUC 0,791, 6 estudos) e distância cabeça períneo (AUC 0,747, 8 estudos) e razoável para o ângulo da linha média (AUC 0,642, 4 estudos). Não houve estudos com dados suficientes para avaliar a distância cabeça sínfise púbica. A análise de subgrupo mostrou que as medidas realizadas durante os puxos (não repouso) tendem a ter um efeito de maior acurácia para o ângulo de progressão, distância de progressão e ângulo da linha média.
Mensagem final
Essa revisão reforça o benefício da ultrassonografia na sala de parto. E demonstra que sua utilização pode ser uma boa ferramenta na decisão de condutas médicas.
Autoria

Ênio Luis Damaso
Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).
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