As mulheres que passam pelo processo de aborto devem ser orientadas em sua alta para realizarem contracepção sempre. Uma ovulação pode ocorrer tão cedo como 8 dias após esvaziamento da cavidade endometrial e uma parcela maior que 50% dessas mulheres relatam atividade sexual nas primeiras duas semanas após.
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Os contraceptivos de longa ação (LARC) como implantes subdérmicos e DIU’s hormonais podem ser implantados após aborto médico com segurança e associam-se a possiblidade de planejamento para evitar uma gravidez não planejada ou mais abortos médicos nos locais onde ele é permitido por desejo da paciente.
Análise recente
Um artigo publicado em abril de 2022 no The Medical Journal of Australia se propôs a avaliar os métodos contraceptivos hormonais utilizados por mulheres australianas no pós aborto médico precoce. Para isso utilizaram uma amostra de 10% das mulheres de 15 a 49 anos que utilizaram mifepristone para realizar aborto médico precoce fornecido pela Pharmaceutical Benefits Scheme (PBS) — órgão dispensador de medicamentos subsidiado pelo governo, no período de 2013 a 2020.
Mifepristone foi fornecido a 11.140 mulheres nesse período. Dessas, no estudo, observou-se após 60 dias:
- 1.435 (12,9%) utilizaram LARC.
- 1.387 (12,5%) utilizaram outros métodos hormonais para contracepção (injeções de depósito, pílulas só de progesterona ou contraceptivos combinados).
Dessas que utilizaram LARC houve maior proporção nas faixas etárias de 15-19 anos (130 de 673, 19,3%) ou de 20-24 anos (363 de 2.441, 14,9%). Entre as 1.422 mulheres atendidas em seu aborto médico e com prescrição pelo mesmo médico, 756 (53,2%) receberam LARC hormonal. As proporções de dispensação entre 2013-14 (116 de 922, 12,6%) e 2019-2020 (512 de 3.976, 12,9%) foram similares. As outras formas de contracepção hormonal foram de 10,7 % em 2013-14 e 13,1% em 2019-20.
Achados
Entre 2012 e 2020, 25,4% das mulheres que passaram por um aborto médico precoce receberam dispensação de algum método de contracepção hormonal dentro dos primeiros 60 dias; 12,9% receberam LARC hormonal, proporção consideravelmente menor que em outro estudo realizado em mulheres atendidas no Centro Marie Stopes de Reprodução (clínicas não governamentais de auxílio a contracepção e aborto seguro ao redor do mundo) que mostrou dispensação a 24,7% (1.571 de 6.348) no mesmo período. Em comparação com as mulheres que não receberam contracepção hormonal dentro de 60 dias do aborto medicamentoso precoce, o risco de dispensação repetida de mifepristone para novo aborto dentro de 24 meses foi menor para as mulheres que receberam DIUs hormonais.
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Os achados demonstram que é necessário que se reproduza entre médicos e pacientes a segurança e necessidade de adotar contracepção segura e imediata após aborto médico.
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