A gestação ectópica é uma grande causa de morbimortalidade materna, responsável por 4% de todas as mortes maternas no Reino Unido. Também se relaciona a morbidade quando necessita de procedimentos cirúrgicos para sua resolução e ainda pode resultar em sequelas na fertilidade da mulher resultando em necessidade de uso de técnicas de reprodução assistida para sua resolução culminar em uma gestação.
Aproximadamente 2% de todas as gestações são ectópicas. Hoje estima-se que 450 milhões de mulheres usam contracepção no mundo, incluindo métodos hormonais e intra uterinos, nas mais diferentes vias de administração (oral, intramuscular, transcutânea, adesivos, intrauterinos – só com progesterona). Os métodos intra uterinos hormonais são bastante seguros, não atrapalham a vida moderna da mulher, mas tem uma taxa de 25 a 50% de gestações ectópicas.
As mulheres modernas atualmente desejam planejar suas gestações e acima de tudo desejam métodos que sejam seguros, independentes de lembranças de tomadas diárias, não interfiram em seu peso e libido e de longa ação. Com todas essas características os Sistemas de Liberação Intra Uterinos de levonorgestrel tem preenchido essas questões sendo o método de escolha de mulheres nuliparas suecas que entraram num estudo publicado na Obstetrics & Gynecology de abril de 2022.
O estudo
Na Suécia, com uma população estimada em torno de 10 milhões de pessoas, as mulheres até 18 anos têm acesso gratuito a métodos contraceptivos. Aquelas acima de 26 anos tem subsídio para adquirir seus métodos contraceptivos. Os métodos contraceptivos são orientados por “parteiras” nas maternidades quando do parto. As inserções e trocas de métodos de longo tempo (DIU) são realizadas pelas mesmas “parteiras” (treinadas e que podem prescrever métodos contraceptivos). Se a mulher desejar passar por profissional médico paga a taxa de visita para a consulta.
Nesse estudo entre mulheres de 15 a 49 anos de idade, foram incluídas 1.663.442 mulheres com 1915 eventos de gravidez ectópica no período de 2005 a 2016. A idade média foi de 27 anos. A incidência de gestação ectópica nessa amostra foi de 0,28 por 1000 mulheres/ano (95% IC 0,26 – 0,29). Com algumas particularidades:
- Mulheres com endometriose – 0,25 (95% IC 0,12 – 0,44)
- Antecedente de ectópica prévia – 6,09 (95% IC 4,88 – 7,50). Sendo um antecedente importante. Nenhuma mulher teve antecedente de endometriose e ectópica.
Apesar das taxas de incidência de gestações ectópicas neste período serem baixas (0,28 por 1000 mulheres/ano – 2005 a 2016 versus 0,83 por 1000 mulheres/ano – 2008 a 2016), sugere-se que os métodos com apenas progesterona intrauterinos ou orais tem algum escape ovulatório permitindo com mais frequência a ocorrência de gravidez ectópica. No estudo (eles apresentaram uso de DIU com 13,5 e 52 mg de levonorgestrel – LNG) o DIU com 13,5 mg de LNG demonstrou mais falha em relação às ectópicas. O estudo apresenta uma limitação importante de não ter verificado o tabagismo entre as participantes. O tabagismo seria limitante para o uso de medicações orais contraceptivas.
A contracepção hormonal oral reduz substancialmente a incidência de gravidez ectópica nessa população. As taxas de incidência de ectópicas nas usuárias de DIU com 13,5 mg de LNG foi substancialmente maior que nos outros métodos hormonais. Este trabalho tem relevância no aconselhamento de mulheres que desejam planejar suas gestações futuras e tem antecedente de gravidezes ectópicas.
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