Logotipo Afya
Anúncio
Ginecologia e Obstetrícia30 janeiro 2023

Tratamentos e desfechos na neoplasia trofoblástica gestacional de alto risco

Um artigo recente teve como objetivo compilar relatórios globais de neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) de alto risco.

A neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) é a forma maligna da doença trofoblástica gestacional (DTG), englobando diferentes tipos histológicos como o coriocarcinoma. Normalmente, ela se desenvolve após uma gestação molar (forma benigna da DTG) ou mais raramente após uma gestação comum ou aborto.

A escolha do tratamento da neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) com quimioterapia é baseada na combinação do estadiamento anatômico FIGO e o sistema de pontuação prognóstica da OMS com base em fatores de risco. Os tumores são classificados em duas categorias: NTG de baixo risco (pontuação igual ou menor a 6 e estadio FIGO I-III) e alto risco (pontuação igual ou maior a 7, estadio I-III e em todos os casos de estadio FIGO IV). A pontuação está associada ao risco de desenvolvimento de resistência à quimioterapia com agente único, orientando a escolha do melhor esquema de quimioterapia de primeira linha. Pacientes com pontuação igual ou maior a 12 apresentam maior mortalidade e são classificadas como ultra-alto risco, com tratamento sistêmico adaptado a essa condição.

Leia também: Diferentes estratégias para tratamento para hipertensão leve durante a gravidez

Escore de risco: os fatores de risco considerados no sistema são a idade da mulher em anos, o tipo de gestação que deu origem à NTG (se molar, aborto ou gestação a termo), o intervalo em meses entre esta gestação e a NTG, o valor do hCG antes do início do tratamento (ou seja, o hCG no momento do diagnóstico da NTG, e não o hCG antes do esvaziamento molar), o tamanho do maior tumor em centímetros, sítio e número de metástases, além do esquema de quimioterapia que foi usado em caso de falha prévia. Deve ser feita a soma das pontuações de cada fator de risco apresentados pela mulher.

Tratamentos e desfechos na neoplasia trofoblástica gestacional de alto risco

Novo estudo

Um artigo recente publicado na revista BJOG teve como objetivo compilar relatórios globais de NTG de alto risco para: (1) resumir tratamentos e resultados desde a publicação das diretrizes FIGO 2000; e (2) comparar resultados por características da doença e quimioterapia primária (metotrexato), particularmente para avaliar o benefício da quimioterapia preferida moderna com EMA/CO ou EMA/EP (toposídeo, metotrexato e actinomicina alternando com ciclofosfamida e vincristina ou etoposídeo e cisplatina)

Resultados

Foram incluídos para análise 35 estudos, representando 20 países. Entre 2.276 pacientes com NTG de alto risco, 99,7% receberam quimioterapia, 35,8% cirurgia e 4,9% radiação.

A mortalidade foi de 10,9% (243/2.236) e a probabilidade de resposta completa à quimioterapia primária foi de 79,7% (1.506/1.890). Em 24 estudos, a quimioterapia preferida moderna (EMA/CO ou EMA/EP) foi associada a menor mortalidade (geral: 8,8% vs. 9,5%; metanálise comparativa: 8,1% versus 12,4%, OR=0,42, IC 95% 0,20-0,90, 14 estudos) e maior probabilidade de resposta completa (geral: 76,6% versus 72,8%; metanálise comparativa: 75,9% vs. 60,7%, OR=2,98, IC 95% 1,06-8,35, 14 estudos).

Saiba mais: OMS recomenda método canguru para bebês pequenos com baixo peso e prematuros

A mortalidade aumentou para doença de risco ultra-alto (30% versus 7,5% de alto risco; metanálise OR=7,44; IC 95% 4,29-12,9) e doença após parto a termo (20,8% versus 7,3% após parto pré-termo; metanálise OR=2,64; IC 95% 1,10-6,31). As estimativas da taxa de recidiva variaram de 3% a 6%.

Conclusão

Os autores concluíram que NTG de alto risco é uma malignidade rara, descrita principalmente por relatos institucionais observacionais e retrospectivos, abrangendo muitos anos.

Apesar de sua alta probabilidade de apresentar doença amplamente metastática, NTG de alto risco permanece altamente curável, com grande parte da mortalidade limitada à doença de risco ultra alto.

Numerosos regimes de quimioterapia demonstraram levar a altas taxas de resposta e cura, com EMA/CO ou EMA/EP tendo os melhores resultados para apoiar sua escolha como terapia de primeira linha.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Ginecologia e Obstetrícia