O tabagismo durante a gestação continua sendo um problema de saúde pública global, com impactos negativos significativos para a mãe e o bebê, como maior risco de abortamento, prematuridade, baixo peso ao nascer e complicações respiratórias no recém-nascido. Apesar dos avanços nas políticas de controle do tabaco, muitas mulheres ainda mantêm esse hábito ao longo da gravidez, especialmente em contextos de maior vulnerabilidade social e familiar.
Um estudo recente publicado em abril de 2025 na revista científica internacional Healthcare (fator de impacto 3.9) investigou os fatores associados à continuidade do tabagismo na gravidez entre gestantes atendidas na atenção primária na Romênia. Intitulado “Smoking Pregnant Woman: Individual, Family, and Primary Healthcare Aspects”, o trabalho é fruto de uma colaboração entre universidades e serviços de saúde do país, e traz achados relevantes sobre como aspectos individuais, familiares e do cuidado oferecido por médicos de família influenciam o comportamento tabágico das gestantes.
Metodologia
Este estudo transversal envolveu 413 mulheres grávidas registradas em 50 clínicos gerais no condado de Târgu Mureş, na Romênia.
As mulheres forneceram voluntariamente dados para o preenchimento de um questionário sobre aspectos sociodemográficos, consumo de tabaco, nível de compreensão do risco de fumar durante a gravidez, tabagismo no ambiente familiar e sua própria percepção da abordagem do tabagismo na atenção primária à saúde.
Os médicos de clínica geral facilitaram a participação dos pacientes no estudo e ofereceram apoio logístico para as sessões de coleta de dados realizadas em seus consultórios. As análises estatísticas incluíram testes descritivos e regressões logísticas multivariadas para identificar os fatores mais associados à continuidade do tabagismo durante a gravidez.
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Principais achados
Entre as 413 gestantes entrevistadas, 49,4% fumavam antes da gravidez e 39,2% continuaram fumando durante a gestação. Os fatores mais associados à manutenção do tabagismo foram:
- Presença de outros fumantes na família (OR = 8,83; IC 95%: 2,89–26,91);
- Baixo nível de conhecimento sobre os riscos do tabaco na gestação (OR = 12,61; IC 95%: 3,79–41,89);
- Ausência de materiais informativos sobre o tabagismo nos consultórios médicos (OR = 5,68; IC 95%: 1,45–22,19).
Além disso, gestantes com menor escolaridade, residentes em áreas rurais ou de etnia cigana apresentaram maior vulnerabilidade. Apenas 38% das participantes relataram ter visto materiais educativos sobre tabaco nas consultas de pré-natal.
Conclusão prática
O estudo destaca que intervenções educativas na atenção primária e o envolvimento da família são fundamentais para promover a cessação do tabagismo durante a gestação. A presença de fumantes no ambiente domiciliar e a falta de abordagem sistemática do tema pelos profissionais de saúde são barreiras importantes. Estratégias mais estruturadas e personalizadas, que combinem informação, acolhimento e suporte contínuo, devem ser implementadas como parte da rotina do pré-natal.
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