SGORJ 2024: Quando o ginecologista deve investigar o canal anal e como?
No primeiro dia do 48º congresso da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do RJ (SGORJ 2024) e 27º Trocando Ideias (Congresso Regional de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia) tivemos uma conferência ministrada pela Drª Cláudia Jacyntho, ex-responsável pelo ambulatório de Patologia do Trato Genital Inferior do Hospital Federal dos Servidores do Estado do RJ, mostrando as evidências atuais para rastreamento do câncer anal.
Discussões
Em consenso publicado este ano pela Sociedade Internacional de Neoplasia Anal, mulheres trans que vivem com HIV devem iniciar o rastreio com 35 anos, assim como os homens que fazem sexo com homens.
As mulheres trans não portadoras de HIV, outras populações com HIV, mulheres a partir de dez anos de transplante de algum órgão sólido em uso de imunossupressor, mulheres a partir de um ano do diagnóstico de lesão precursora de câncer ou câncer vulvar, mulheres com verrugas perianais, infecção persistente pelo HPV e com doenças autoimunes também devem ser rastreadas a partir de 45 anos.
A literatura atual ratifica que a presença do HPV de alto risco e a imunossupressão são os principais fatores de risco para a ocorrência do câncer anal.
Ainda faltam evidências para definir qual melhor estratégia de rastreamento. Até o momento temos disponíveis a citologia, teste de HPV, o coteste (citologia + teste de HPV) e a colposcopia anal. A citologia tem sido a mais indicada, mas a literatura mostra apresentar baixa sensibilidade. Como a prevalência de HPV anal é muito alta de forma geral e as infecções múltiplas são comuns, o teste de HPV não apresenta boa especificidade.
O câncer anal representa cerca de 2% dos tumores do trato gastrointestinal e merece devida atenção. A colheita da citologia é simples e pode ser realizada inicialmente pelo ginecologista que é o especialista responsável pelo cuidado integral da saúde da mulher. Frente a um resultado alterado, esta mulher deve ser encaminhada para realização da colposcopia anal com biópsia se indicado.
Considerações finais
Os ginecologistas não devem esquecer da necessidade do rastreamento do câncer anal frente a situações de risco em especial nas mulheres imunossuprimidas e naquelas que se encontram em tratamento ou com história de lesão por HPV em outro sítio.
Fique por dentro dos destaques do 48° congresso da SGORJ!
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