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Ginecologia e Obstetrícia28 junho 2025

RNs grandes para a idade gestacional e mulheres com diabetes gestacional

Estudo revela prevalência e principais fatores de risco para bebês grandes para a idade gestacional em gestantes com diabetes gestacional.

O artigo “Prevalence and risk factors of delivery of large-for-gestational age infants among pregnant women with gestational diabetes: A systematic review and meta-analysis”, publicado recentemente na revista International Journal of Gynecology & Obstetrics pelos autores Liang Y, Yang C, Shangguan F et al., teve como objetivo estimar a prevalência e identificar os fatores associados ao nascimento de recém-nascidos grandes para a idade gestacional (GIG) entre gestantes com diabetes gestacional (DMG), por meio de uma revisão sistemática e meta-análise. 

O DMG é uma complicação comum da gestação, com impacto significativo na saúde materna e perinatal. Entre os diversos desfechos adversos, destaca-se o nascimento de recém-nascidos GIG, definidos como aqueles com peso ao nascer acima do percentil 90 para a idade gestacional e sexo.  

Na China, estima-se que 9% dos nascimentos únicos sejam GIG, sendo que entre 15% e 45% desses ocorrem em mulheres com DMG. O GIG está relacionado a complicações perinatais imediatas — como parto prolongado, hemorragia pós-parto e asfixia perinatal —, além de riscos metabólicos a longo prazo, incluindo obesidade e diabetes tipo 2. 

Diabetes

Métodos 

Trata-se de uma revisão sistemática e meta-análise com objetivo de estimar a prevalência de recém-nascidos GIG entre gestantes com DMG, bem como identificar fatores de risco associados a esse desfecho. 

Foram incluídos estudos observacionais (coorte, caso-controle e transversais) publicados até 1º de agosto de 2024, em inglês, que investigaram mulheres com DMG e ocorrência de partos de recém-nascidos GIG. As buscas foram realizadas nas bases PubMed, Web of Science, Cochrane Library, Scopus, EMBASE, OVID e CINAHL. Os desfechos principais foram a prevalência de GIG e fatores de risco associados, expressos em odds ratios (ORs) com intervalos de confiança de 95%. 

Principais achados 

Um total de 12.027 registros foram identificados. Após a triagem, 25 estudos foram incluídos: 24 estudos foram selecionados para análise tanto de prevalência quanto de fatores de risco, e um estudo foi incluído apenas para avaliação dos fatores de risco. O estudo incluiu 58.948 gestantes com DMG, das quais 7.247 tiveram filhos classificados como GIG. 

A prevalência global de GIG em mulheres com DMG foi estimada em 14,5% (IC 95%: 12,6–16,4), com variações significativas entre as regiões. As taxas mais elevadas foram observadas nos Estados Unidos (17,3%) e na Ásia (16,3%), seguidas por Oceania (11,5%) e Europa (11,4%). Além disso, a prevalência foi maior em estudos que utilizaram o critério diagnóstico de DMG por abordagem de um passo (16,2%) em comparação com a abordagem de dois passos (9,0%). Estudos com amostras menores (<500 participantes) também apresentaram prevalência mais alta (15,8%). 

A revisão também identificou dez fatores de risco significativamente associados ao nascimento de bebês GIG em mulheres com DMG, divididos em dois grupos principais: sociodemográficos e clínicos. Entre os fatores sociodemográficos, a multiparidade (≥2 gestações prévias) aumentou em 29% o risco de GIG (OR = 1,29; IC 95%: 1,15–1,45). 

Os fatores clínicos apresentaram associações mais robustas. Destacaram-se: 

  • sobrepeso pré-gestacional (OR = 1,14), 
  • obesidade pré-gestacional (OR = 1,91), 
  • ganho de peso gestacional excessivo (OR = 1,96), 
  • glicemia de jejum elevada no terceiro trimestre (OR = 2,54), 
  • alterações no teste oral de tolerância à glicose (TOTG), incluindo jejum alterado (OR = 1,92) e múltiplas alterações (OR = 2,38), 
  • níveis elevados de hemoglobina glicada (HbA1c) (OR = 1,06), 
  • hipertrigliceridemia (OR = 1,56), 
  • baixos níveis de HDL-colesterol (OR = 1,79). 

Mensagem prática 

Esses achados reforçam a importância do controle rigoroso de peso e glicemia ao longo da gestação e alertam para a necessidade de rastreio e acompanhamento cuidadoso de mulheres com DMG, especialmente aquelas com múltiplos fatores de risco para desfechos neonatais adversos. Identificar os fatores de risco associados permite um rastreamento mais preciso para populações de alto risco, permitindo intervenções oportunas para reduzir a incidência de partos GIG. 

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Referências bibliográficas

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