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Ginecologia e Obstetrícia5 fevereiro 2025

Preditores de falha no tratamento da gravidez tubária com metotrexato

Revisão sistemática analisou os preditores de falha no tratamento da gravidez ectópica com metrotrexato em dose única

Uma revisão sistemática foi publicada recentemente no periódico Journal of Obstetrics and Gynaecolo com objetivo de analisar os preditores de falha no tratamento da gravidez ectópica com metrotrexato em dose única.

A gravidez ectópica, caracterizada pela implantação do óvulo fecundado fora da cavidade uterina, ocorre em cerca de 1-2% das gestações, sendo 95% dos casos localizados nas tubas uterinas. O manejo pode ser expectante, medicamentoso ou cirúrgico, com a escolha influenciada pelos avanços em técnicas de diagnóstico precoce, como ultrassonografia transvaginal e dosagens de β-hCG. O metotrexato (MTX) é o tratamento farmacológico mais utilizado, com destaque para o regime de dose única (50 mg/m²), devido à sua simplicidade e eficácia. Após a administração, monitora-se o β-hCG nos dias 4 e 7; se houver uma queda superior a 15% entre esses dias, o acompanhamento semanal é recomendado até a normalização. Caso contrário, outra dose de MTX é administrada. No entanto, essa espera até o sétimo dia pode aumentar a ansiedade do paciente e o risco de ruptura. Assim, é crucial identificar preditores precoces de falha terapêutica antes do quarto dia, permitindo intervenções antecipadas. Embora estudos já tenham analisado fatores de eficácia, ainda faltava uma meta-análise abrangente para identificar indicadores precoces de falha no regime de dose única do MTX.

Leia mais: Risco de gravidez ectópica durante o uso de dispositivos intrauterinos de levonorgestrel (DIU)

metotrexato

Métodos

Trata-se de uma revisão sistemática e metanálise. Uma pesquisa bibliográfica foi realizada em várias bases de dados desde o início até dezembro de 2023, com referências nos estudos selecionados revisadas manualmente. Quatorze estudos envolvendo 2.804 pacientes foram incluídos nesta meta-análise.

Principais achados

Os resultados revelaram que níveis séricos mais altos de gonadotrofina coriônica humana beta (β-hCG) no Dia 1 (SMD = 1,25, IC 95% 0,73-1,77), presença de atividade cardíaca fetal (OR = 12,64, IC 95% 3,15-50,75), presença de massa anexial (OR = 4,66, IC 95% 2,02-10,74), presença de saco vitelino (OR = 5,35, IC 95% 2,33-12,27), endométrio mais espesso (MD = 1,74, IC 95% 0,30-3,19), maior número de gestações ectópicas anteriores (MD = 0,21, IC 95% 0,13-0,30), história de doença inflamatória pélvica (DIP) (OR = 3,97, IC 95% 2,02-7,79), níveis mais altos de progesterona no Dia 1 (SMD = 0,22, IC 95% 0,07-0,36), um maior incremento pré-tratamento de 48 horas na porcentagem sérica de β-hCG (DM = 11,46, IC 95% 2,95-19,98) e uma maior porcentagem de alteração sérica de β-hCG do Dia 4 para o Dia 0/1 (SMD = 2,58, IC 95% 1,02-4,14) foram fatores preditivos precoces para falha do tratamento da gravidez tubária com o regime de dose única MTX.

Discussão e conclusão

A meta-análise revisou 14 estudos para identificar fatores preditivos de falha no tratamento de gravidez ectópica tubária com o regime de dose única de metotrexato (MTX). Fatores associados ao insucesso incluíram níveis elevados de β-hCG inicial (>5000 mIU/mL), atividade cardíaca fetal, massas anexiais grandes (>3,5 cm), presença de saco vitelino e endométrio espesso (>10 mm), histórico de doença inflamatória pélvica (PID) e gravidezes ectópicas anteriores. Mudanças nos níveis de β-hCG, especialmente entre o dia 0/1 e o dia 4, também foram indicativas de falha. Embora discrepâncias entre os estudos limitem a padronização desses achados, a identificação precoce desses fatores pode orientar intervenções rápidas, como doses adicionais de MTX ou cirurgias, melhorando os resultados clínicos. Mensagem prática: pacientes com β-hCG elevado e atividade cardíaca fetal devem ser considerados para tratamentos mais agressivos ou monitoramento intensivo.

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Referências bibliográficas

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