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Ginecologia e Obstetrícia25 julho 2024

O impacto de complicações durante a gestação sobre a saúde mental materna

Revisão avaliou a associação entre complicações na gravidez e no parto e desfechos de saúde mental materna a longo prazo. 

Recentemente foi publicado na revista BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology, uma revisão sistemática, com objetivo de sintetizar as evidências disponíveis que examinam a associação entre complicações na gravidez e no parto e desfechos de saúde mental materna a longo prazo. 

O impacto de complicações durante a gestação sobre a saúde mental materna a longo prazo

Introdução 

As complicações obstétricas (na gravidez e no parto), associadas a comorbidades maternas e perinatais são um problema crescente que afeta até 40% das gestações globalmente. Essas complicações, como hemorragia pós-parto, pré-eclâmpsia, restrição do crescimento fetal, parto prematuro e diabetes gestacional, têm impacto contínuo na saúde materna e infantil após o parto. Estudos mostram que essas complicações aumentam o risco de condições como depressão pós-parto, ansiedade e estresse, com algumas evidências indicando um aumento do risco de doenças psiquiátricas.  

No entanto, há uma escassez de pesquisas sobre os efeitos dessas complicações sobre a saúde mental materna a longo prazo, e os resultados existentes são inconsistentes. Até o momento, não há uma meta-análise abrangente sobre as taxas de desfechos de saúde mental materna a longo prazo após complicações na gravidez e no parto, o que justificou a realização do estudo. 

Metodologia 

Trata-se de uma revisão sistemática e metanálise. Foi realizada uma busca sistemática no Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Excerpta Medica Database (Embase), PsycInfo®, PubMed® e Web of Science, desde a criação até agosto de 2022. Três revisores revisaram de forma independente os títulos, resumos e textos completos. Dois revisores extraíram dados de forma independente e avaliaram a qualidade dos estudos. Meta-análises de efeitos aleatórios foram utilizadas para calcular estimativas combinadas.  

Principais achados 

No total, 16.310 artigos foram identificados por meio de busca em bancos de dados. Desses, 33 estudos foram considerados elegíveis para inclusão nesta revisão. Os estudos incluídos foram publicados entre 1996 e 2022, com um total de 3.974.631 participantes. Desses estudos, 23 foram estudos de coorte prospectivos, 7 foram estudos de coorte retrospectivos e 3 foram estudos caso-controle. 

A interrupção da gravidez foi associada à depressão (odds ratio ajustado combinado, aOR 1,49, IC 95% 1,20–1,83) e ao transtorno de ansiedade (aOR combinado 1,43, IC 95% 1,20–1,71). O aborto espontâneo foi associado à depressão (aOR combinado 1,97, IC 95% 1,38–2,82) e ao transtorno de ansiedade (aOR combinado 1,24, IC 95% 1,11–1,39). Análises de sensibilidade excluindo a perda precoce da gravidez e a interrupção relataram resultados semelhantes. O parto prematuro foi associado à depressão (aOR combinado 1,37, IC 95% 1,32–1,42), ao transtorno de ansiedade (aOR combinado 0,97, IC 95% 0,41–2,27) e ao transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) (aOR combinado 1,75, IC 95% 0,52–5,89). A cesariana não foi significativamente associada ao TEPT (aOR combinado 2,51, IC 95% 0,75–8,37). Houve poucos estudos sobre outros transtornos mentais, não sendo possível realizar meta-análises. 

Leia também: Uso de sulfato de magnésio para neuroproteção fetal no trabalho de parto pré-termo

Discussão e mensagem: saúde mental materna

O objetivo dessa revisão foi examinar a associação entre complicações na gravidez e no parto e desfechos adversos de saúde materna a longo prazo. Os achados sugerem que a interrupção da gravidez, aborto espontâneo, natimorto, pré-eclâmpsia e parto prematuro foram associados a um aumento nos riscos de depressão, transtorno de ansiedade e TEPT a longo prazo, em comparação com mulheres que não tiveram complicações na gravidez e no parto.  

O estudo fortalece a importância de que é necessário olhar para a saúde mental da mulher no ciclo gravídico-puerperal e conhecer os fatores de risco, o que pode auxiliar na elaboração de melhores medidas preventivas, diagnósticas e terapêuticas. 

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