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Oncologia9 março 2021

Mamografias regulares reduzem o risco de ter um câncer de mama fatal em 50%

Estudo estabelece o percentual benéfico para mulheres que realizam mamografias, quando comparadas com aquelas mulheres que não fazem o exame.

Por Gilberto Amorim

Já se sabe que o risco de morte por câncer de mama é menor entre mulheres que realizam mamografias, quando comparadas com aquelas mulheres que não fazem o exame, mas não estava claro qual era a estimativa de benefício entre aquelas que o fazem regularmente. Muita controvérsia existe entre o intervalo e a idade de início, mas em termos de intervalo a questão é que muitos especialistas e entidades defendem a mamografia anual mas muitos seguem defendendo o exame A CADA DOIS ANOS. Temos novas evidências? Sim!

Foram analisados dados de mulheres suecas elegíveis para o rastreamento mamográfico entre 1992-2016, verificada a incidência e mortalidade por câncer de mama entre as mulheres que fizeram o último exame, mas não o penúltimo exame de rastreamento anterior ao diagnóstico do câncer de mama (“intermitente”), aquelas que fizeram os as duas mamografias de forma seriada nas duas datas agendadas ( chamadas de “serial” no estudo), aquelas que fizeram apenas o penúltimo exame mas não o último programado ( elas “falharam” no rastreio) ou ainda aquelas que sistematicamente não o fazem, faltando nos 2 últimos. Estas análises incluíram um período de 10 anos.

Leia também: Câncer de mama: diretrizes de mamografia em pacientes idosas

Mamografias regulares reduzem o risco de ter um câncer de mama fatal em 50%

Características do estudo sueco

Rastrearam mulheres entre 40-54 anos a cada 18 meses e entre 55-59 anos a cada 24 meses, e alcançaram 70% da população alvo em áreas urbanas e, pasmem 90% em áreas rurais.

Os dados de quase 550 mil mulheres foram analisados (mediana de idade 58,9 anos), sendo 392 mil do grupo “serial”, 41 mil no grupo intermitente, 31 mil nas que “falharam” e 84 mil das que não fazem nunca o exame.

O grupo “serial” que fez mamografia “sempre” teve 50% menos chance de ter um câncer de mama fatal nos 10 anos seguintes ao diagnóstico (RR, 0,50; 95% IC: 0,46, 0,55; p = 0,001) que aquelas não participantes sistemáticas. Os outros 2 grupos têm redução de risco menor, de cerca de 28-33% aproximadamente. Não foi encontrada diferença entre o grupo que falhou e o grupo intermitente.

Conclusão

A conclusão dos autores que perder uma das duas últimas mamografias de rastreamento previstas aumenta de forma significativa o risco de diagnosticar um câncer de mama fatal. Rastreamento que salva vidas é aquele que detecta câncer precoce. Então há uma boa chance de salvar uma vida se a mulher realizar o exame de forma regular e sistemática.

Estes dados seriam válidos mesmo nesta fase mais recente de tratamentos adjuvantes efetivos, e os pesquisadores agora vão atrás da razão pela qual o rastreamento seriado salva vidas, se por redução do estadiamento (menos cânceres avançados) e/ou menos cânceres de intervalo.

Não estamos na Suécia, é claro, não fazemos rastreamento ativo da população, mas precisamos motivar mais mulheres a realizarem o exame, pois muitas enquetes nacionais mostram que entre aquelas que fazem o exame muitas o fazem de forma sistemática, enquanto muitas outras não fazem quase nunca. E isso mesmo dentro da faixa de recomendação do Ministério da Saúde, 50-69 anos, de 2 em 2 anos.

Saiba mais: A tomossíntese das mamas é melhor que a mamografia digital?

Neste mês de Março, mês Internacional da Mulher, ainda mais neste período de pandemia de Covid-19 precisamos assegurar que as mulheres possam conseguir fazer a mamografia com segurança, e que a experiência seja aceitável e positiva de forma que ano que vem elas voltem! E motivar as que não têm o hábito de fazer!

Ano passado no SUS a redução de mamografias de rastreamento foi de quase 50%. Isto não pode se repetir em 2021.

Referências bibliográficas:

  • Duffy S, Tabár L, FangYen AM et al. Beneficial Effect of Consecutive Screening Mammography Examinations on Mortality from Breast Cancer: A Prospective Study. Radiology 2021; 00:1–7 doi: 1148/radiol.2021203935
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