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Ginecologia e Obstetrícia28 dezembro 2024

Infecções pelo papilomavírus humano durante a gravidez e resultados adversos

Estudo investigou se as infecções pelo HPV durante a gravidez, estavam associadas a desfechos adversos ligados à disfunção placentária.

Um estudo escandinavo intitulado Human papillomavirus infections during pregnancy and adverse pregnancy outcomes: a Scandinavian prospective mother-child cohort study, foi publicado recentemente na revista BMC Pregnancy Childbirth. 

O objetivo do estudo foi investigar se as infecções pelo papilomavírus humano (HPV) durante a gravidez estavam associadas a desfechos adversos da gravidez ligados à disfunção placentária. 

Revisão da literatura 

O papel dos papilomavírus humanos (HPVs) na saúde humana tem sido amplamente estudado, com seu papel etiológico na displasia cervical bem estabelecido. Contudo, as associações entre HPV e desfechos adversos na gravidez são menos claras. Infecções por HPV atingem seu pico durante os anos reprodutivos das mulheres, sendo a infecção sexualmente transmissível mais comum. Estudos demonstram a presença do HPV na placenta, especificamente em células trofoblásticas, onde ele pode se replicar e reduzir propriedades de adesão, migração e o número dessas células. Como a invasão trofoblástica é essencial para a placentação e função placentária, infecções por HPV poderiam contribuir para disfunções placentárias e complicações obstétricas, como síndromes hipertensivas da gravidez (SHG), diabetes mellitus gestacional (DMG) e restrição de crescimento fetal (RCF). Tais condições estão associadas a mortalidade materna e perinatal, complicações neonatais e risco de doenças cardiovasculares a longo prazo. 

A pesquisa sobre HPV e desfechos adversos na gravidez tem se concentrado em abortos espontâneos ou partos prematuros, enquanto os estudos sobre disfunções placentárias permanecem limitados e inconclusivos. As metodologias divergentes, definições não uniformes e tamanhos amostrais pequenos dificultam a comparabilidade dos resultados. Uma meta-análise recente destacou a necessidade de mais investigações de alta qualidade. 

Metodologia 

O estudo é um subestudo da coorte prospectiva PreventADALL, que investiga intervenções precoces na prevenção de doenças alérgicas e fatores associados a doenças crônicas não transmissíveis. Gestantes foram recrutadas entre 2014 e 2016 em hospitais da Noruega e Suécia durante a ultrassonografia de rotina do segundo trimestre. Participaram 950 mulheres com amostras de urina para análise de HPV na metade da gestação, sendo 753 com amostras válidas também no momento do parto. O DNA do HPV foi detectado e genotipado utilizando o teste PCR Seegene Anyplex II HPV28, com definição de infecções de alto risco (HR-HPV), infecção múltipla e persistente durante a gestação. 

Os desfechos analisados foram complicações hipertensivas (hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome HELLP), diabetes mellitus gestacional (DMG) e recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (PIG). As análises estatísticas incluíram modelos de regressão logística univariada e multivariada, ajustados para possíveis fatores de confusão como idade materna, IMC pré-gestacional, paridade e doenças crônicas maternas. Resultados indicaram associações entre infecção por HPV e desfechos adversos. 

Veja também: SGORJ 2024: Teste de DNA-HPV e rastreamento do câncer de colo uterino

Principais achados 

Na amostra inicial (N = 950), a idade média foi de 32 anos e o IMC pré-gestacional mediano de 24,5 kg/m². A maioria das mulheres (87%) era casada, 52% estavam em relacionamentos de 5 anos ou mais, e 55% esperavam o primeiro filho. A idade gestacional média no parto foi de 40,1 semanas e o peso médio ao nascer foi de 3592 g. Cerca de 40% das mulheres apresentaram infecção por qualquer tipo de HPV (Any-HPV), enquanto 24% tinham infecção por HPV de alto risco (HR-HPV), sendo o genótipo HPV16 o mais comum (6%). A persistência de infecções foi de 52% para Any-HPV, 52% para HR-HPV e 64% para HPV16. 

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