Gel de ácido hialurônico reduz aderências intrauterinas após dilatação e curetagem no abortamento? 

O abortamento é uma patologia frequente e 30% das mulheres precisam realizar dilatação cervical e curetagem uterina. É de nosso conhecimento que esse procedimento aumenta a chance da paciente desenvolver sinéquias uterinas, podendo prejudicar uma nova gestação. A utilização de ácido hialurônico pós-histeroscopia já utilizado para reduzir as aderências intrauterinas, seria também benéfico pós-curetagem uterina?

Estudo

Pensando em responder essa pergunta, pesquisadores franceses desenvolveram um estudo multicêntrico (nove hospitais na França), prospectivo, randomizado e aberto. Pacientes que tiveram aborto espontâneo entre 7 e 14 semanas de gestação, que necessitassem de dilatação e curetagem e que desejassem outra gravidez foram elegíveis para o estudo. As mulheres foram aleatoriamente designadas 1:1 para cirurgia isolada (grupo controle) vs cirurgia com instilação intrauterina de gel de ácido hialurônico (grupo gel).

Uma histeroscopia no consultório foi planejada seis a oito semanas após a cirurgia. O desfecho primário foi a taxa de aderências intrauterinas durante esta histeroscopia de acompanhamento no consultório. Duas pesquisas de fertilidade de acompanhamento diferentes foram enviadas aos seis meses e um ano após o término da intervenção, respectivamente.

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Conclusões

Entre as 343 pacientes que fizeram curetagem, 278 fizeram histeroscopia. Depois de várias análises, a taxa de aderências intrauterinas foi menor no grupo gel em comparação com o grupo controle (9,1% vs. 18,4%, respectivamente, p=0,0171). Entre as 110 participantes da pesquisa que responderam aos questionários, a taxa geral de gravidez doze meses após a cirurgia foi de 64,5% (71/110), e foi semelhante em ambos grupos (57,4% (27/47) no grupo controle vs. 69,8% (44/63) no grupo gel, p=0,1789). 

A partir desses dados os autores concluíram que a instilação de gel de ácido hialurônico intrauterina após realizar dilatação do colo uterino e curetagem pós-abortamento, diminui o risco de sinéquias uterinas.