A presença de descolamento placentário é uma complicação importante que além da morte fetal pode levar a complicações no sistema de coagulação materna. Alterações nesse sistema com hiperfibrinólise podem estar associados a CIVD, algumas vezes de evolução muito rápida, principalmente quando associado o quadro de hemorragia puerperal.
Durante a gestação, a mulher é preparada fisiologicamente para as perdas sanguíneas associadas ao parto. Entre outros, ocorre a elevação de fibrinogênio durante os trimestres podendo alcançar valores na casa de 5g/L. Já quando o fibrinogênio cai para 3 g/L a literatura concorda que a chance de complicações hemorrágicas é grande. Já níveis < 2g/L carregam 100% de complicações hemorrágicas posteriores à admissão segundo Charbit et al.
Estudo
Um estudo francês de 20 de agosto de 2022, retrospectivo, revisitou esse conceito publicando um artigo no International Journal of Gynecology & Obstetrics. Durante 12 anos, fizeram avaliação de parâmetros laboratoriais (plaquetas, TTPA, TP e fibrinogênio) e complicações maternas (múltiplas transfusões, histerectomia, falência de múltiplos órgãos e morte materna) de gestantes com gestações únicas admitidas com morte fetal e descolamento de placenta a partir de 24 semanas em três hospitais terciários franceses.
Nenhuma paciente tinha coagulopatias na admissão hospitalar para tratamento.
Conclusão
Confirmou-se no estudo que fibrinogênio abaixo de 1,9 g/L é um fator preditor com sensibilidade e especificidade de 83% (IC 95%) para complicações hemorrágicas maternas nos casos de óbito fetal associado a descolamento prematuro de placenta em gestações acima de 24 semanas.
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