As doenças hipertensivas na gravidez tem uma prevalência de 5 a 10% sendo a terceira causa de mortalidade materna e infantil globalmente. Neste grupo estão incluídas: hipertensão gestacional, pré-eclampsia, eclampsia e hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta caracterizada pela elevação de pressão arterial com lesão de órgãos de forma leve até severa. Classicamente, os estudos indicam que gestantes a partir dos 35 anos de idade têm aproximadamente 1,47 vezes mais chance de desenvolver pré-eclâmpsia que pacientes mais jovens.
A política de controle de natalidade chinesa tem postergado a maternidade. Com isso, o número de mulheres mais velhas alcançando suas gestações tem aumentado. Trazendo com esse aumento mais complicações e mais estudos epidemiológicos para entender as relações entre idade materna avançada e desordens hipertensivas. Muitos estudos têm conseguido resultados inconclusivos e inconsistentes, talvez pelo número limitado das amostras. Assim, uma metanálise com revisão sistemática recebeu atenção para avaliar os resultados e tentar alguma forma de prevenção dessa patologia nessa idade.
Estudo
Neste mês de maio, o Journal of Obstetrics and Gynaecological Research publicou uma revisão sistemática com metanálise utilizando o PRISMA para seleção de artigos incluindo gestantes idosas com síndromes hipertensivas como casos comparando com gestantes sem hipertensão como controles.
No processo de seleção final 13 artigos foram utilizados para avaliação sendo sete artigos para fatores de risco e 10 artigos para desfechos gestacionais (quatro artigos tinham simultaneamente ambas as avaliações)
Os achados mostraram que gestantes com IMC acima do ideal tem 4,26 (OR 4,26, 95% – IC: 2,72 – 6,70) mais chances de desenvolver hipertensão nessa idade que gestantes com IMC normal. Outro achado consistente foi o nível educacional mais baixo como fato complicador nesse grupo etário (OR 5,21, 95% IC: 2,43 – 11,17). Talvez o nível educacional mais baixo possa permitir o não entendimento da gravidade de alguns sintomas e a importância em relatar eles para equipe médica. Fatores emocionais como ansiedade, estresse crônico, depressão podem também ser fatores de risco para essa população de gestantes mais velhas (OR 3,74, p < 0,001). Por último, o fator familiar de risco também foi relacionado no estudo é concordante com a literatura (OR 7,62, p <0,001). As famílias com antecedente de hipertensão representam risco para a atual gestante idosa.
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Conclusões
Com relação aos desfechos gestacionais, as gestantes mais idosas (≧ 35 anos) tiveram taxas mais altas de descolamento de placenta, amniorrexe prematura, hemorragia pós parto, parto prematuro, asfixia fetal, sofrimento fetal, restrição de crescimento e baixo peso ao nascimento, significativamente maiores que a população geral. Todos esses achados culminam na elevação, também encontrada nessa idade, das maiores taxas de partos cesarianas.
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