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Ginecologia e Obstetrícia16 junho 2021

Exposição a temperaturas diferentes durante a gravidez: risco para natimortos?

Temperaturas diferentes podem causar alterações na evolução normal da gravidez podendo levar a desfechos desfavoráveis na gravidez?

Em um mundo preocupado com a interferência climática sobre a vida das pessoas, o potencial efeito das mudanças de temperaturas sobre a gestação e suas consequências torna-se assunto de interesse. Afinal, alterações na evolução normal da gravidez podendo inclusive levar ao óbito fetal são preocupantes. 

Além do impacto emocional e econômico, a morte fetal pode estar relacionada a estilo de vida materno e mais recentemente, a partir de 2017, muitos trabalhos têm relacionado as mudanças de temperatura (tanto as temperaturas mais frias como as mais quentes) como fatores interferem no seu desfecho: trabalhos de parto prematuros, alterações de peso ao nascimento e até mesmo a evolução para óbito com natimorto durante transcurso da gestação. O mecanismo fisiopatológico responsável por essa evolução ainda não está completamente esclarecido, mas as evidências têm sido contundentes em associar as oscilações térmicas a desfechos desfavoráveis na gravidez. 

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Exposição a temperaturas diferentes durante a gravidez: risco para natimortos?

Análise recente

Um estudo australiano publicado na Environmental Research de junho de 2021, mostrou essa relação em uma metanálise analisando 20 anos de publicações (2000 a 2020). Os estudos incluídos, apesar de serem todos retrospectivos, mostraram achados bem interessantes sobre a influência climática, principalmente no final da gravidez sobre sua evolução final.

  • Exposições a temperaturas ambiente extremas durante a gravidez parecem aumentar o risco de natimorto, particularmente no final da gravidez.
  • A taxa de natimortos entre 12 estudos variou de 1,9 a 38,4 natimortos por nascimentos entre 11 países de alta renda e um país de renda média baixa.

Saiba mais: Gravidez: o que acontece com as doenças oculares preexistentes?

  • Os dados de exposição foram derivados de monitores municipais ou nacionais com base em estações meteorológicas (66,6%) ou um modelo de previsão (16,7%); caso contrário, não relatado (16,7%).
  • No geral, o risco de natimorto parece aumentar em temperaturas abaixo de 15 °C e acima de 23,4 °C. O risco mais alto está acima de 29,4 °C.
  • Estima-se que 17–19% dos natimortos são potencialmente atribuíveis à exposição crônica a temperaturas extremas de calor e frio durante a gravidez.

Mensagem final

A exposição da gestante a extremos de temperatura não pode ser ignorada. Sempre que for possível a mulher grávida deve-se proteger, principalmente no final da gravidez. Apesar das limitações do estudo (retrospectivo, não análise de outros fatores ambientais como água, poluição local, homogeneização de grupos) o tema é relevante, merece atenção e estudo para elucidação fisiopatológica e prevenção de eventos não desejáveis na gravidez.

Referências bibliográficas:

  • Sexton J, et al. Systematic review of ambient temperature exposure during pregnancy and stillbirth: Methods and evidence. Environmental Research. 2021 June;197:111037. doi: 10.1016/j.envres.2021.111037

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