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Ginecologia e Obstetrícia29 agosto 2022

Estudo piloto aponta associação entre deficiência de ferro e saúde mental materna

Observou-se no Japão a prevalência de depressão pós-parto associada à deficiência de ferro em 31 mulheres. Conheça mais sobre os resultados.

A depressão perinatal é uma desordem mental que engloba a depressão do período pré-natal e a depressão do período pós-parto. A prevalência dessa desordem é de 5 a 5,5% no Japão, país onde foi desenvolvido o estudo aqui descrito.

Essa morbidade parece estar associada, entre outros fatores, à deficiência de ferro, de acordo com alguns estudos publicados anteriormente. Mas essa associação ainda merece ser mais bem estudada, com algumas lacunas na literatura.

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Estudo

Considerando que a deficiência de ferro é condição prevalente na gestação, decorrente do aumento das demandas gestacionais e da necessidade de suplementação, identificar essa deficiência parece importante, uma vez que provavelmente ao ser corrigida, diminui a incidência de doenças associadas, como a depressão perinatal mencionada e aqui estudada.

O estudo realizado por um grupo de pesquisadores japoneses da cidade de Kyoto envolveu a análise de dados de 31 mulheres. Elas tiveram sangue colhido para rotina pré-natal no início da gestação (< 16 semanas), entre 2018 e 2019. Juntamente com a rotina pré-natal foi analisado a dosagem de ferritina, para análise de deficiência de ferro.

As pacientes com anemia (Hb < 11 g/dL) foram excluídas da análise e então as mulheres foram divididas em dois grupos: deficiência de ferro (ferritina < 30 ng/mL) e grupo controle/normal (ferritina ≥30 ng/mL).

A saúde mental e depressão foram avaliados em dois momentos (durante a gestação [após 16 semanas] e um mês pós-parto) através do Edinburgh Postpartum Depression Scale (EPDS). Esse instrumento é utilizado rotineiramente no serviço em que a pesquisa foi desenvolvida e foi utilizado escore de 8/9 como cutoff.

Resultados

Entre as 31 mulheres estudadas, 13 (41,9%) apresentaram deficiência de ferro e 18 (58,1%) apresentavam ferritina normal. A média de ferritina no primeiro grupo foi 18,5 ± 5,8 ng/mL, enquanto no segundo grupo foi 74,7 ± 39,2 ng/mL.

Em relação aos escores EPDS, no grupo com deficiência de ferro a mediana foi 2,0 (2,0-3,3) durante a gestação e 5,0 (4,0-6,6) após um mês do parto). No grupo controle, os escores foram 4,5 (2,3-7,3) na gestação e 4,5 (2,3-5,7) no pós-parto. Após análise estatística, foi observado um óbvio aumento no escores em mulheres com deficiência de ferro (p=0,01562) e sem alteração no grupo controle (p=0,875). E quando comparado entre si, os dois grupos não mostraram diferença, ou seja, os escores durante a gestação e no pós-parto não mostraram alteração entre os grupos.

Apesar das limitações inerentes a todos os estudos, os autores referem que esse foi o primeiro estudo a analisar o estoque de ferro no início da gestação e comparar com depressão pós-parto. A ferritina que não é dosada de forma rotineira é o melhor exame para mostrar a deficiência inicial do ferro, uma vez que reflete os estoques desse mineral.

Essa deficiência, de forma geral, é fácil de ser corrigida quando identificada e parece melhorar os escores da ferramenta usada nesse estudo (EPDS).

 

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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