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Ginecologia e Obstetrícia2 maio 2022

Estudo avalia clampeamento tardio versus imediato do cordão umbilical na incidência de hemorragia pós-parto

Hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais causas de morte materna no mundo, sendo responsável por cerca de 127.000 mortes por ano.

Hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais causas de morte materna no mundo, sendo responsável por cerca de 127.000 mortes por ano.

Torna-se imprescindível na prática clínica a atuação de medidas preventivas visando evitar a incidência de HPP. A assistência prestada durante o terceiro período do parto (dequitação placentária) é chamada de manejo ativo, na qual recomenda-se tração gentil e contínua do cordão umbilical, uso de uterotônicos e massagem uterina.

Leia também: SBP e FEBRASGO publicam diretriz sobre o clampeamento do cordão umbilical

Ao mesmo tempo que obstetras e obstetrizes estão atuando na assistência materna, a neonatologia atua na atenção ao recém-nascido nos seus primeiros momentos de vida. Recomenda-se por esses profissionais o clampeamento tardio do cordão umbilical após o nascimento, visando melhora nos padrões hematimétricos dos neonatos.

Para obstetrícia surge o questionamento: promover o clampeamento tardio do cordão umbilical pode aumentar o risco de HPP?

Estudo avalia clampeamento tardio versus imediato do cordão umbilical na incidência de hemorragia pós-parto

Análise recente

Tentando responder essa questão, foi desenvolvido um ensaio clínico randomizado em Roma, Itália. O estudo foi aceito para ser publicado no International Journal of Gynecology and Obstetrics em abril de 2022.

Foram recrutadas 122 mulheres com gestação única, a termo e em trabalho de parto espontâneo, submetidas a parto via vaginal no centro de estudo. Todas foram assistidas pelos protocolos de manejo ativo do terceiro período e o que as dividiram em grupos foi o momento de clampagem do cordão umbilical. Foi chamado de clampeamento imediato (n=60) quando realizado em até 15 segundos após o parto e tardio o clampeamento (n=62) que ocorreu de 1 a 5 minutos após o parto.

Para determinar o efeito do clampeamento tardio sobre o risco de HPP, foi definido como desfecho primário do estudo a mudança no nível de hemoglobina materna no primeiro dia pós-parto e como desfechos secundários a estimativa de perda de sangue maior que 500 ml, administração de uterotônicos adicionais e necessidade de transfusão sanguínea.

Não houve diferenças significativas na perda de sangue materna quando comparada pela diminuição do nível de hemoglobina (diferença das médias: -0,10 g/dl, IC95%: 0,28-0,08) entre os dois grupos. Houve três casos de HPP no grupo de clampeamento tardio e 4 no grupo de clampeamento imediato do cordão. Uterotônicos adicionais foram necessários em 17,7% das mulheres randomizadas no grupo clampeamento tardio e em 15,0% das mulheres randomizadas no grupo de clampeamento imediato (RR 1,18, IC 95% 0,53 a 2,65).

Conclusão

Esse estudo, nos ajuda a responder o receio obstétrico em aumentar a incidência de hemorragia pós-parto (HPP) quando optamos pelo clampeamento tardio do cordão umbilical. Apesar da amostra pequena e de não permitir a generalização dos resultados para gestações múltiplas ou partos cesarianos, os resultados são positivos no sentido de incentivar o clampeamento tardio do cordão umbilical e atuar na melhora de desfechos perinatais.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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Referências bibliográficas

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