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Ginecologia e Obstetrícia6 fevereiro 2023

Efetividade da episiotomia para prevenir lacerações perineais em nulíparas

Um estudo avaliou a associação de episiotomia e lesão esfincteriana anal severa em nulíparas com parto à termo. 

Uma das complicações do parto via vaginal é a lesão do esfíncter anal (laceração), complicação pouco frequente (0,5 a 5%), entretanto com morbidade materna importante (incontinência fecal, dispareunia e diminuição da qualidade de vida). Dois fatores de risco para essa lesão é a nuliparidade e o parto operatório.  

Durante muitos anos, acreditava-se que a episiotomia era uma proteção para lesões perineais em partos vaginais. Ideia que perdeu espaço na última década, devido as complicações da própria episiotomia (sangramento, dispareunia) e por não haver comprovação de que ela seja realmente uma medida protetiva. 

Um estudo recentemente aceito para publicação teve como objetivo avaliar a associação de episiotomia e lesão esfincteriana anal severa em nulíparas com parto à termo. 

Trata-se de um estudo retrospectivo que levantou dados de 2004 a 2020 de uma maternidade de Paris. O desfecho primário do estudo foi a ocorrência de laceração de terceiro e quarto grau após parto vaginal (instrumentalizado ou não) e os dados foram agrupados em dois grupos (episiotomia: sim ou não). 

cirurgias não cardíacas

Métodos 

A população do estudo incluiu 12.346 mulheres nulíparas que tiveram parto vaginal a termo. Dentre elas, 4.543 (36,8%) pariram sem episiotomia e 7.803 (63,2%) pariram com episiotomia.  

Resultados 

A taxa de laceração perineal foi semelhante em ambos os grupos (0,7%; p=0,76). Após estratificação sobre instrumentalização do parto, uma associação (protetiva) entre episiotomia e laceração perineal foi mostrada em caso de parto instrumentalizado (OR = 0,46 [0,26-0,80]), mas não se o parto foi espontâneo (OR = 0 ,76 [0,29-1,98]).

Leia também: Sutura permanente ou absorvível em cirurgia de prolapso apical?

Conclusões

Este estudo destaca que a episiotomia pode reduzir o risco de laceração perineal de 3º e 4º grau (lesão esfincteriana anal severa) em mulheres nulíparas com gravidez única submetidas a parto vaginal operatório a termo, independentemente do método estatístico utilizado. 

Entretanto, as consequências a longo prazo tanto das lacerações quanto da episiotomia precisam ser melhores estudadas.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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