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Ginecologia e Obstetrícia4 janeiro 2023

Efeitos da etnia nos resultados perinatais em países de alta e média renda

Um estudo avaliou os efeitos de raça e etnia em mulheres de grupos carentes de diferentes países e desfechos perinatais adversos.

As desigualdades sociais e no acesso a saúde enfrentadas por mulheres grávidas contribuem para diferentes taxas de resultados perinatais adversos. Em países com populações multiétnicas, as variações nos resultados perinatais entre diferentes grupos raciais e étnicos refletem as desigualdades de saúde subjacentes nos cuidados de maternidade. Essa diferença tem um impacto sobre a saúde das gerações futuras no curto e longo prazo. 

Um estudo publicado na revista The Lancet recentemente teve como objetivo quantificar os efeitos de raça e etnia em mulheres de grupos carentes em países desenvolvidos (Canadá, Estados Unidos, Alemanha) e em desenvolvimento (Argentina, Brasil, Colômbia) em desfechos perinatais adversos, como óbitos neonatais e natimortos principalmente, e em nascimentos prematuros e fetos pequenos para a idade gestacional. 

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Métodos 

Para esta metanálise de dados individuais, foram usados dados da International Prediction of Pregnancy Complications (IPPIC) Network, uma rede de estudos sobre complicações na gravidez; o conjunto de dados completo compreendeu 94 estudos, 53 países e 4.539.640 gestações. Foram incluídos estudos que relatavam resultados perinatais (óbito neonatal, natimorto, parto prematuro e fetos pequenos para a idade gestacional) em pelo menos dois grupos raciais ou étnicos (brancos, negros, sul-asiáticos, hispânicos ou outros). Para a metanálise foram feitas imputações múltiplas para variáveis de confusão (idade materna, IMC, paridade e nível de escolaridade materna). Os desfechos primários foram mortalidade neonatal e natimortos. Os resultados secundários foram nascimento prematuro e feto pequeno para a idade gestacional. Estimou-se a associação de raça e etnia com resultados perinatais usando um modelo de regressão logística multivariada e relatada essa associação com odds ratio (ORs) e ICs de 95%.  

Resultados 

Em relação aos achados, 51 estudos de 20 países de alta e média renda, incluindo 2.198.655 gestações, foram elegíveis para inclusão nesta meta-análise. A probabilidade de óbito neonatal era duas vezes maior em bebês nascidos de mulheres negras do que em bebês nascidos de mulheres brancas (OR 2,00, IC 95% 1,44–2,78), assim como natimorto (2,16, 1,46–3,19), e bebês nascidos de mulheres negras tinham maior risco de parto prematuro (1,65, 1,46–1,88) e serem pequenos para a idade gestacional (1,39, 1,13–1,72). Os bebês de mulheres classificadas como hispânicas tiveram um risco três vezes maior de morte neonatal (OR 3,34, IC 95% 2,77–4,02) do que os nascidos de mulheres brancas, e os nascidos de mulheres do sul da Ásia estavam em risco aumentado de parto prematuro (OR 1,26, IC 95% 1,07–1,48) e ser pequeno para a idade gestacional (1,61, 1,32–1,95).  

Em países de renda alta e média, mulheres de grupos raciais e étnicos mal atendidos e sub-representados correm maior risco de resultados perinatais adversos. As mulheres negras estão consistentemente em maior risco de todas as complicações, como morte neonatal, natimorto, parto prematuro e bebês pequenos para a idade gestacional do que as mulheres brancas.  

Considerações 

Apesar de raça e etnia serem um fator de risco para resultados adversos à saúde, particularmente na gravidez, não há estratégias ou iniciativas de pesquisa abrangentes para abordar esse problema. Além de incentivar mulheres de várias origens a participar de pesquisas, os órgãos financiadores precisam priorizar tópicos que abordem diretamente as disparidades nos resultados da gravidez relacionados a essas questões.

Leia também: Intervenções para perda de peso impactam na fertilidade e no sucesso da gravidez?

Conclusão e mensagem prática 

Dado que raça e etnia são variáveis demográficas importantes, os estudos devem ter como objetivo coletar e relatar esses dados de forma abrangente, de acordo com as recomendações atuais em todas as fases da vida de uma mulher. Isso nos permitirá não apenas mapear a magnitude das disparidades em vários momentos, como infância, adolescência, pré-gravidez e gravidez, contribuindo para resultados ruins da gravidez e seus efeitos a longo prazo nos anos posteriores, mas também planejar intervenções direcionadas em momentos cruciais para melhorar a saúde dos bebês a curto e longo prazo, com o impacto abrangendo gerações.

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Referências bibliográficas

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