No segundo dia do XV congresso brasileiro de DST, XI Congresso brasileiro de AIDS, VI congresso latino-americano de IST/HIV/AIDS tivemos uma mesa redonda com o Dr. Newton Carvalho sobre o tratamento de agentes não convencionais como o Mycoplasma e Ureaplasma. Estes agentes são os menores microorganismos com vida livre e têm patogenicidade controversa.
Mycoplasma e Ureaplasma
A maioria das espécies são apenas colonizadoras da microbiota vaginal.
A ampla pesquisa molecular desses agentes tem levado à confusão no diagnóstico das infecções x achado de um agente colonizador.
Os ureaplasmas podem estar associados, em conjunto com a vaginose bacteriana, com complicações obstétricas. Nos homens, podem eventualmente ser causadores de uretrites.
O Mycoplasma genitalium é o agente com maior potencial patogênico.
Existe uma preocupação mundial sobre a resistência aos macrolídeos. O tratamento atual preconizado troca a azitromicina dose única pelo uso da doxiciclina seguido de moxifloxacino caso não seja possível testar a sua sensibilidade aos macrolídeos. Se for possível testar e for sensível, a associação deve ser feita com a doxiciclina e azitromicina em esquemas mais prolongados.
Atualmente não existe indicação para rastrear nem tratar os ureaplasmas.
Tratamento da neurossífilis
O Dr. Eduardo Campos, infectologista, palestrou sobre o tratamento da neurossífilis.
A sífilis terciária pode levar a complicações sistêmicas neurológicas, psiquiátricas, vasculares.
A neurossífilis pode ter manifestações recentes ou tardias após décadas da infecção.
As indicações de punção liquórica são os sintomas neurológicos, oftalmológicos e falha de tratamento sem nova exposição sexual.
O método de escolha para o diagnóstico é o VDRL com sensibilidade de 50-70%.
A penicilina é a droga de escolha. O padrão é a penicilina cristalina. Todas as pessoas com VDRL positivo no líquor ou sintomas sistêmicos sugestivos que não consigam ser explicados por outros motivos.
Saiba mais: Congressos de DSTs: Infecções sexualmente transmissíveis em ginecologia
Vacina contra a gonorreia
A Dra. Angelina Espinosa, professora da Universidade Federal do Espírito Santo, fechou a mesa falando sobre a perspectiva da vacina contra gonorreia.
A professora falou sobre a preocupação mundial sobre a resistência antibiótica crescente do gonococo e a baixa adesão ao uso dos preservativos.
No momento ainda não temos nenhuma vacina licenciada contra gonorreia, mas existem alguns ensaios clínicos em andamento.
A Inglaterra começou, recentemente, a vacinar os homens homossexuais e bissexuais com a vacina contra a Neisseria meningiditis do grupo B devido à proteção cruzada observada e a redução de 40% da infecção com essa estratégia.
Mensagem prática
Os microorganismos não convencionais, a resistência antibiótica e as manifestações clínicas atípicas devem ser lembradas sempre no atendimento integral de pessoas com ISTs.
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