Em abril de 2023 foi publicado um artigo no BJOG – International Journal of Obstetrics & Gynecology, com objetivo de examinar os resultados das gestações subsequentes de mulheres com AVC associado à gravidez (AAG) anterior em comparação com controles pareados.
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Os pesquisadores avaliam se isso se deve à idade materna mais avançada. Torna-se obrigatório sabermos diagnosticar prontamente uma paciente com AVC, para diminuirmos a mortalidade e morbidade dessa patologia.
Resultados
Os autores identificaram todos os partos subsequentes e abortos induzidos e espontâneos de mulheres com AVC associado à gravidez anterior e seus controles correspondentes no Registro Médico de Nascimento e no Registro de Alta Hospitalar até 2016, nos hospitais públicos da Finlândia. O número, o curso e os resultados das gestações subsequentes foram comparados e os prontuários das pacientes foram estudados para recorrência de AAG.
De acordo com os pesquisadores, as mulheres com AAG anterior tiveram menos partos subsequentes: 73 (31,1%) mulheres tiveram 122 partos no total, enquanto 303 (47,3%) dos controles tiveram 442 partos (razão de chance ajustada por idade [OR] 0,54, 95% CI 0,38–0,76). Os distúrbios hipertensivos da gravidez (DHEG) (17,2% versus 5,7%, ajustado por idade OR 4,0, IC 95% 1,7–9,3), especialmente hipertensão crônica (ajustado por idade OR 5,9, IC 95% 1,5–24,7) e qualquer diabetes durante a gravidez (24,6% versus 14,5%, ajustado para idade OR 2,0, IC 95% 1,1–3,8) foram mais comuns nas pacientes com AAG anterior. O AAG recorreu em quatro casos (5,5%).
Cerca de 5,5% das mulheres com AAG anterior apresentaram recidiva em uma gravidez posterior, sendo que 90% delas estavam usando anticoagulantes. Essas pacientes também apresentavam história de DHEG, hipertensão arterial crônica e diabetes, contudo quando os pesquisadores realizaram ajustes nas estatísticas, verificaram que o AAG em si não é um fator de risco independente para essas complicações, mas provavelmente existem fatores de risco compartilhados, e por isso ocorrem esses eventos associados.
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Conclusão
Os autores concluíram que mulheres com história de AAG constituem um grupo de alto risco em suas gestações subsequentes e requerem acompanhamento minucioso em unidades especializadas de atendimento pré-natal. Lembrando que, além do risco de novo evento vascular cerebral, elas também possuem risco de DHEG, hipertensão arterial crônica e diabetes, sendo necessário realizar aconselhamento pré-concepcional adequado, além do pré-natal de alto risco.
Considerações e mensagem prática
Esse artigo não discorre sobre as consequências fetais e neonatais, mas acredito que seria importante estudos que associassem essas questões, como restrição de crescimento intrauterino, prematuridade e mortalidade e morbidade neonatal.
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