A aspirina (AAS) tem se mostrado eficiente como agente preventivo nas pacientes de risco para pré-eclâmpsia. As evidências são robustas em afirmar que seu uso reduz em até 18% o risco relativo à patologia.
O desenvolvimento de restrição de crescimento intrauterina (RCIU) associa-se frequentemente aos quadros de pré-eclâmpsia relacionados a patologias concomitantes placentárias. Com isso alguns centros têm sugerido utilizar aspirina para prevenção também da RCIU. Não existe ainda consenso com relação ao seu uso. Algumas sociedades não recomendam seu uso, a menos que coexistem fatores de risco para pré-eclâmpsia (como o The Royal College of Obstetricians and Gynaecologists e o American College of Obstetricians and Gynecologists) e outras, por outro lado recomendando seu uso nos casos de risco de restrição de crescimento como RCIU prévio (Society of Obstetricians and Gynaecologists of Canada e a Perinatal Society of Australia and New Zealand).
Análise recente
Com esse cenário, a revista Obstetrics & Gynecology publicou em março um estudo na população sueca envolvendo 16 das 20 regiões do país (cobertura de 98% das gestantes do país). Neste estudo foram incluídas mulheres com primeiras e segundas gestações únicas que tiveram na sua primeira gravidez recém nascidos abaixo do percentil 10 de peso.
Numa amostra de 8.416 gestantes com primeiro filho pequeno para idade gestacional, 801 (9,5%) usaram aspirina na segunda gestação. Na Suécia o guideline recomenda uso de 75 mg de aspirina (AAS) diariamente para mulheres de alto risco para pré-eclâmpsia ou outros riscos moderados, diferentemente do que usamos no Brasil (100 mg). Foram ajustados variáveis como idade maior que 35 anos, realização de FIV, modo de parto, indução de parto e outras patologias obstétricas como variáveis entre as pacientes do estudo.
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O seguimento mostrou que as mulheres de maior risco, usando aspirina, eram mais velhas, comumente obesas, com maior número de gestações por FIV, estavam empregadas e fumavam menos. Também se observou maior frequência de patologias como hipertensão, doenças renais, diabetes, trombose e doenças cardiovasculares.
Conclusão
Conclui-se o estudo que o uso de aspirina (AAS) na dose de 75 mg diária não foi suficiente para reduzir a incidência de baixo peso ao nascimento (peso abaixo do percentil 10) nessa coorte (RR de 1,05). Mesmo com estratificação das pacientes com pré-eclâmpsia, não houve redução significativa da prevalência de recém-nascidos de baixo peso com uso de aspirina na dose de 75 mg ao dia (RR 1,15). Até mesmo a prevalência de restrições severas em ambos os grupos (com e sem pré-eclâmpsia) não foi significativa (RR de 1,02 e 0,78 respectivamente).
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