Adenomiose: uma atualização da patogênese e fisiopatologia
Um artigo teve o objetivo de resumir os mais recentes desenvolvimentos na patogênese e fisiopatologia da adenomiose.
Adenomiose é uma patologia de grande prevalência entre as mulheres, com um quadro clínico de dor pélvica crônica, dismenorreia, dispareunia e ciclos hipermenorrágicos. Além disso, está associada a infertilidade, abortamento de repetição e insucesso de procedimentos de fertilização ou inseminação. Uma patologia que piora a qualidade de vida das mulheres, além de estar associada a quadros de ansiedade e depressão.
O estudo
Em outubro de 2022, foi publicado um artigo, sob forma de revisão sistemática, na revista Reproduction Review, com o objetivo de resumir os mais recentes desenvolvimentos na patogênese e fisiopatologia da adenomiose, que têm implicações importantes para o diagnóstico por imagem da doença e para o desenvolvimento de terapêutica não hormonal.
Nova descrição fisiopatológica
O autor resumiu a patogênese e a fisiopatologia da adenomiose juntamente com suas implicações, descrevendo as novas descobertas dos últimos anos. Depois de revisar o progresso da patogênese e descrever as teorias predominantes, juntamente com suas deficiências, uma nova hipótese, chamada de disrupção da interface endometrial-miometrial (DIEM), que é apoiado por extensos dados epidemiológicos e demonstrado por um modelo de camundongo, é revisado, juntamente com dados recentes, implicando o papel das células de Schwann na área da interface endometrial-miometrial na gênese da adenomiose.
Além disso, a história natural das lesões adenomióticas é elaborada e ressalta que, em essência, as lesões adenomióticas são fundamentalmente tecidos endometrióticos presentes no miométrio submetidas a reparo tecidual repetido, que progridem para fibrose através da transição epitélio-mesenquimal, transdiferenciação fibroblasto-miofibroblasto e metaplasia do músculo liso.
O aumento da fibrose lesional se propaga para interface endometrial-miometrial vizinho e endométrio. O aumento da fibrose endometrial, com consequente maior rigidez tecidual, atenua a prostaglandina E2, ocorrendo a sinalização de hipóxia e a glicólise, prejudicando o reparo endometrial e causando ciclos hipermenorrágicos. Vale ressaltar que a clínica de adenomiose clássica está correlacionado com focos próximos a interface endometrial-miometrial, já os focos de adenomioses mais externos, têm comportamento similar à endometriose profunda.
Os mecanismos subjacentes à dor associada à adenomiose são menos compreendidos, porém presumivelmente envolvem um aumento da contratilidade uterina, hiperinervação, aumento da produção lesional de mediadores da dor e sensibilização central.
Considerações
Através desse novo prisma, uma nova técnica de imagem pode ser usada para diagnosticar adenomiose de forma mais precisa e informativa e possivelmente auxiliar na escolha da melhor modalidade de tratamento. A elastografia é uma tecnologia de imagem emergente que recentemente tornou-se comercialmente disponível, sendo uma técnica que gera imagens de rigidez tecidual, por elastografia ultrassônica ou elastografia por ressonância magnética.
O desenvolvimento de novas terapias para o tratamento de adenomiose levaria tempo, mas o domínio da história natural de endométrio ectópico já nos ajudou a entender por que os ensaios clínicos sobre endometriose e adenomiose falham em relação a terapêutica não hormonal. O autor considera que ainda há um longo caminho a percorrer antes do dia em que uma abordagem da medicina de precisão pode efetivamente aliviar os sintomas associados à adenomiose e quando uma intervenção pré-operatória ou perioperatória segura pode ser instituída para mitigar ou mesmo eliminar o risco de adenomiose.
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Conclusão
Até agora, os efeitos sobre os aspectos moleculares, genéticos, investigação epigenética, clínica e epidemiológica em adenomiose precisam ser realizados.
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