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Ginecologia e Obstetrícia17 fevereiro 2023

Adenomiose: é uma disfunção uterina endócrina?

Um estudo publicado na Gynecological Endocrinology teve o objetivo de responder se a adenomiose é uma disfunção uterina endócrina.

Adenomiose é uma patologia uterina que cursa com ciclos hipermenorrágicos e dor pélvica crônica. Apresenta uma prevalência alta nas pacientes na fase da menacme, e ocorre devido a infiltração do endométrio no miométrio, além de estar associada a infertilidade e a um maior risco de abortamento espontâneo. 

Em fevereiro de 2023 foi publicado um artigo na Gynecological Endocrinology com o objetivo de responder se a adenomiose é uma disfunção uterina endócrina. Este artigo que trouxe hoje para discussão é de extrema relevância, afinal, adenomiose é uma patologia de alta prevalência, mas com pouco conhecimento sobre ela. 

câncer de ovário

Métodos e resultados 

De acordo com o autor, a patogênese da adenomiose é caracterizada principalmente por desequilíbrio e inflamação causada pelos hormônios estrogênio/progesterona, que por sua vez facilitam a localização ectópica de células endometriais no miométrio, interrompendo a interface endométrio-miométrio. Em particular, foi observado um aumento de estrogênios locais nas lesões e redução da atividade do receptor de progesterona nas lesões adenomióticas.  

Conclusões 

Assim, o hiperestrogenismo local e não sistêmico contribui para o desenvolvimento da doença:  

  • Aumento da síntese de estrogênio (pela aromatase);
  • Redução do metabolismo dos estrógenos (pela 17ß-hidroxiesteróide desidrogenase tipo 2 e sulfatase);
  • Aumento da atividade do receptor de estrogênio (ER).  

Além disso, algumas aberrações epigenéticas dos genes do ER e do receptor de progesterona (PR) podem levar a causas endócrinas, com um estado hiperestrogênico intensificado pela falta de atividade de neutralização da progesterona. Especificamente, a expressão de ERβ é significativamente elevada nas glândulas adenomióticas durante a fase proliferativa e em todo o miométrio ao longo do ciclo menstrual. Além disso, enquanto o promotor da isoforma B de PR é hipermetilado com uma sub-regulação concomitante da isoforma B de PR, um estado dominante da isoforma A de PR torna-se presente (levando a resistência à progesterona).

Leia também: Fatores de risco para leiomiomatose uterina

Mensagem prática

Desse modo, é possível concluir que a adenomiose tem origem com o estado hiperestrogênico e com a resistência à progesterona dessas pacientes, sendo uma desordem endócrina. Ainda são necessários diversos estudos para melhor compreender essa patologia. 

Autoria

Foto de Letícia Suzano Lelis Bellusci

Letícia Suzano Lelis Bellusci

Graduação em Medicina pela Universidade José do Rosário Vellano ⦁ Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional de Presidente Prudente ⦁ Especialização em Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva pelo Hospital Sírio-Libanês ⦁ Especialização em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Tecnologia em Saúde ⦁ Especialização em andamento em Medicina fetal pela Fetus

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Referências bibliográficas

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