Uma revisão foi recentemente publicada no European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, com o objetivo de conduzir a primeira revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados (ECR) sobre a eficácia e segurança do ácido tranexâmico versus misoprostol para manejo (prevenção e/ou tratamento) de hemorragia pós-parto (HPP).
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Em países desenvolvidos, a HPP é responsável por 8% das mortes maternas, enquanto em regiões em desenvolvimento o número sobe para 20%. Cerca de 80% dos casos de HPP podem ser atribuídos à atonia uterina, que figura como a principal etiologia desta doença.
Métodos
Foram examinadas seis bases de dados em maio de 2023 e atualizadas em setembro de 2023. Os desfechos foram resumidos como diferença média (DM) ou razão de risco (RR) com intervalo confiança (CI) de 95%.
Foram revisados e analisados todos os estudos que atenderam as seguintes condições: (i) Pacientes: gestantes submetidas a parto vaginal e/ou cesárea, (ii) intervenção: ácido tranexâmico para tratamento ou prevenção de HPP, (iii) Comparador: misoprostol, independentemente do seu modo de administração, para tratamento ou prevenção de HPP (iv) Resultados: perda de sangue intraoperatória, alteração de hemoglobina/hematócrito, tempo de internação, necessidade de transfusão de sangue, necessidade de uterotônicos adicionais e efeitos colaterais, e (v) Desenho do estudo: ECRs. Foram excluídos estudos não randomizados, revisões, investigações em animais, protocolos de pesquisa e ensaios com outros medicamentos.
Resultados
Foram analisados dez ECRs com 2.121 pacientes (ácido tranexâmico =1.061 e misoprostol=1.060). Não houve diferença significativa entre os grupos ácido tranexâmico e misoprostol em relação à perda sanguínea intraoperatória média (n=9 ECRs, MD=17,32 ml, IC 95% [–40,43, 75,07], p=0,56), alteração média na hemoglobina (n=6 ECRs, DM=0,11 mg/dl, IC 95% [–0,1, 0,31], p=0,30), média de internação hospitalar (n=2 ECRs, MD=–0,3 dia, IC 95% [–0,61, 0,01], p=0,06), taxa de transfusão de sangue (n=4 ECRs, RR=0,49, IC 95% [0,16; 1,47], p = 0,2) e taxa de agentes uterotônicos adicionais (n = 4 ECRs, RR = 1,05, IC 95% [0,72, 1,53], p=0,81).
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Em relação aos parâmetros de segurança, não houve diferença entre os dois grupos em relação às taxas de efeitos colaterais menores, como diarreia, febre, náusea e vomito. Nenhum paciente desenvolveu eventos tromboembólicos no grupo ácido tranexâmico.
Conclusão e mensagem prática sobre hemorragia pós-parto (HPP)
Não houve diferença significativa na eficácia anti-hemorrágica (tratamento de hemorragia pós-parto) entre o ácido tranexâmico e o misoprostol. O perfil de segurança foi comparável entre ambos os agentes.
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