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Ginecologia e Obstetrícia18 março 2022

Ácido tranexâmico para redução de perda sanguínea seguindo parto normal

Estudo avaliou a eficácia e segurança do acido tranexâmico na redução da perda sanguínea em mulheres submetidas a parto vaginal.

Perdemos cerca de 500 mil mulheres anualmente no mundo por complicações da gravidez e parto. A maioria dessas mortes ocorre imediatamente após o parto sendo a perda sanguínea puerperal a causa mais prevalente. A hemorragia materna responde por 47,6% dos casos de morbidade materna severa. Considera-se primária quando o volume ultrapassa 500 ml nas primeiras 24 horas. Aqui estão 3% dos casos de complicações de partos vaginais.

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A janela entre o parto e a dequitação (expulsão placentária) é o momento crítico desses sangramentos. Neste momento agentes como ocitocina, misoprostol, ácido tranexâmico e manobras como a tração moderada do cordão umbilical podem ser o divisor entre a prevenção e a necessidade de tratamento. Um trial randomizado controlado publicado em 2015 australiano demonstrou a eficácia do ácido tranexâmico nesses casos. Entretanto os autores mostraram uma amostra pequena limitando o estudo. A necessidade de amostra maior tornou-se necessária para a robustez dos achados e a realização da pesquisa numa população como a nigeriana de baixo acesso à saúde poderia ser interessante.

Assim,  foi publicado na primeira semana de março de 2022 na BMC Pregnancy and Childbirth um estudo duplo cego randomizado placebo-controlado para avaliar a eficácia e segurança do acido tranexâmico endovenoso em reduzir as perdas sanguíneas em mulheres submetidas a parto vaginal num hospital terciário na Nigéria.

Foram incluídas pacientes com gestações únicas a termo de baixo risco. Quaisquer patologias que aumentam o risco obstétrico ou patologias que envolvessem a cascata de coagulação eram excluídas.

Ácido tranexâmico para redução de perda sanguínea seguindo parto normal

A amostra de 176 pacientes foi randomizada:

  • Grupo A: recebeu ácido tranexâmico lentamente (30-60 segundos) EV, dentro de 2 minutos do nascimento e a ocitocina profilática foi administrada no clampeamento do cordão.
  • Grupo B: 10 ml de água para injeção foram administrados lentamente na mesma velocidade, seguida da administração de ocitocina nas mesmas condições. As drogas eram cegadas dos administradores das medicações.

O sangramento foi avaliado pela coleta em frascos e em absorventes pesados antes e depois de seu uso para estimar (transformados em volume o peso) as perdas nos grupos.

Neste estudo foi demonstrado que o uso de ácido tranexâmico endovenoso logo após o parto e antes da dequitação reduziu a perda sanguínea nos partos vaginais. Reduziu também a necessidade de uterotônicos adicionais no controle do sangramento pós-parto. Entretanto a presença de hemorragia puerperal e necessidade de transfusão foi semelhante entre os dois grupos. efeitos colaterais menores como diarreia foram bem suportados.

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Concluindo o estudo o uso de ácido tranexâmico pode ser eficaz por via endovenosa para prevenção de perda sanguínea puerperal já que nenhuma mulher é imune a hemorragia puerperal. Novos estudos deverão ser conduzidos para avaliar uso em larga escala, eficácia e segurança em mulheres com alto risco de sangramento e em pacientes anêmicas. Outra sugestão é avaliação após as primeiras 24 horas após o parto, situações não avaliadas no presente estudo.

Referências bibliográficas:

  • Igboke FN, Obi VO, Dimejesi BI, Lawani LO. Tranexamic acid for reducing blood loss following vaginal delivery: a double-blind randomized controlled trial. BMC Pregnancy Childbirth. 2022 Mar 3;22(1):178. doi: 10.1186/s12884-022-04462-z.

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