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Terapia Intensiva22 novembro 2022

Como individualizar o atendimento ao idoso na UTI?

A idade não é o único fator na admissão do paciente idoso na UTI, sendo necessário um atendimento objetivo e individualizado.

Por Hiago Bastos

No Brasil, a população idosa compreende indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos. Estima-se que até 2050, devido à dinâmica demográfica atual, o contingente de idosos no país seja de aproximadamente 25%.

Com o aumento desse contingente, aumentam-se também as demandas por cuidados críticos à medida que a população envelhece. Sabe-se que idosos acima de 80 anos já constituem 15% a 20% das internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em países desenvolvidos.

Contudo, o atendimento desses pacientes ainda constitui um desafio para o profissional médico, sobretudo devido à heterogeneidade quanto ao estado de saúde dessa população, o que torna difícil identificar, de maneira precoce — entre pacientes da mesma idade — aqueles que mais se beneficiariam de cuidados intensivos.

Veja também: Caso clínico: como avaliar um paciente idoso com perda de peso? [vídeo]

O manejo das complicações relacionadas ao envelhecimento — fragilidade, deterioração cognitiva, perda da capacidade funcional, polifarmácia —, em especial em pacientes idosos críticos com comprometimento de múltiplos sistemas orgânicos ainda é complexo. Por isso, é importante entender que a idade não é o único fator decisório na admissão do paciente idoso na UTI, sendo necessário instituir um atendimento objetivo e individualizado a essa parcela.

Como individualizar o atendimento ao idoso na UTI

Individualizando os cuidados

Para entender a individualização dos cuidados do idoso, é importante compreender que a heterogeneidade entre o “envelhecimento fisiológico” e o “envelhecimento biológico” é essencial no momento de decidir qual paciente terá benefício na internação em uma UTI e qual não se beneficiará de cuidados intensivos.

Sistemas tradicionais de predição de prognóstico como o Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) e o Simplified Acute Physiology Score (SAPS) não se mostram tão eficazes ao classificar a real gravidade da doença em pacientes mais idosos.

Com o intuito de avaliar esses fatores, um estudo europeu desenvolvido em 22 países da Europa analisou a mortalidade em 30 dias de pacientes idosos admitidos em UTI com idade igual ou superior a 80 anos, os quais foram divididos em 7 subgrupos (clusters) que levaram em consideração aspectos demográficos, quantidade de filhos, motivo da admissão na UTI e SOFA admissional.

O estudo, apesar de realizado apenas em um continente, trouxe dados importantes acerca da mortalidade de idosos que confrontam o senso comum de que pacientes idosos frágeis com uma pontuação elevada no SOFA teriam um pior desfecho que idosos frágeis de mesma idade com menor pontuação na mesma escala.

Saiba mais: AAIC 2022: Hospitalização de idosos em UTI dobra o risco de demência

Conclusão

Diferentes fenótipos demandam diferentes cuidados quando se trata do manejo do idoso na UTI. A individualização por meio de clusters se mostrou promissora no manejo dessa parcela, demonstrando que ainda existem falhas nos cuidados intensivos com o idoso, sobretudo devido à heterogeneidade da população em questão.

Entretanto, novos estudos ainda se fazem necessários para uma melhor avaliação do desfecho desses pacientes no que tange à qualidade de vida e capacidade funcional após a internação.

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