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Gastroenterologia3 julho 2023

Kiwi para tratamento de constipação intestinal e síndrome do intestino irritável

A constipação intestinal funcional e a síndrome do intestino irritável acometem cerca de 11,7% e 1,3% da população mundial.

Distúrbios funcionais do trato gastrointestinal, denominados de distúrbios da interação-cérebro-intestino, são comuns e associados a grande morbidade. A constipação intestinal funcional e a síndrome do intestino irritável variante constipação (SII-C) acometem cerca de 11,7% e 1,3% da população mundial, respectivamente, pelos critérios de ROMA IV. Previamente, alguns estudos sugeriram que o consumo regular de kiwi verde fresco (Actinidia chinensis var. “Hayward”) poderia ser benéfico no tratamento dessas patologias. Nesse contexto, Gearry e colaboradores realizaram um ensaio clínico multicêntrico para avaliar o efeito do consumo diário de dois kiwis verdes na normalização do hábito intestinal e na melhoria dos sintomas de desconforto gastrointestinal.  

Saiba mais: ESPGHAN 2023: Terapias para tratamento da doença celíaca e constipação intestinal

Kiwi para tratamento de constipação intestinal e síndrome do intestino irritável

Kiwi para tratamento de constipação intestinal e síndrome do intestino irritável

Metodologia 

Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado, controlado, simples-cego, cross-over de 16 semanas de duração, realizado em três países (Nova Zelândia, Itália e Japão). Os pacientes foram randomizados para consumo diário de dois kiwis verdes Zespri (A. chinensis var. “Hayward”) sem casca ou 7,5 g de Psyllium e avaliados quanto ao hábito intestinal e sintomas gastrointestinais. Tanto os dois kiwis verdes, quanto o Psyllium forneceram aproximadamente 6g de fibra alimentar.  Após um período inicial de 2 semanas, os participantes completaram um período de quatro semanas com a intervenção alocada, seguido de um período de washout de quatro semanas, após o qual os participantes passaram para a outra intervenção, também consumida por quatro semanas. Houve um período de acompanhamento de duas semanas após a conclusão da intervenção final. Os participantes foram orientados a preencher um recordatório sobre o hábito intestinal, descrevendo seus movimentos intestinais quanto à frequência, completude e espontaneidade da evacuação. 

Foram considerados elegíveis para o estudo: adultos com idade entre 18 e 65 anos, com índice de massa corporal de 18 a 35 kg/m2, com diagnóstico de constipação intestinal funcional ou SII-C conforme definido pelos critérios diagnósticos de Roma III, além de controles saudáveis. Participantes com índice de gravidade de sintomas de SII (IBS-SSI) ≥300 foram excluídos, juntamente com aqueles com sinais de alarme relacionados ao trato gastrointestinal.  

O desfecho primário do estudo foi o número de evacuações espontâneas completas por semana, foi registrado durante todo o período do estudo. A mudança no número de evacuações espontâneas completas registrada na quarta semana da intervenção foi comparada com a do período basal. Para cada intervenção, o valor da linha de base foi definido como o número médio de evacuações espontâneas completas no período inicial de duas semanas antes da primeira intervenção e na semana 4 do período de washout antes da segunda intervenção. Para indivíduos constipados, um aumento de >1 evacuação por semana foi considerado clinicamente relevante. 

Os principais desfechos secundários foram os sintomas gastrointestinais medidos pelo questionário GI symptom rating scale [GSRS]), consistência das fezes (escala de forma de fezes de Bristol) e grau de esforço (escala de 1 a 3). A qualidade de vida associada à SII foi avaliada pelo questionário IBS-QoL, no final de cada período de estudo, juntamente com os módulos apropriados do Rome III Diagnostic Questionnaire for the Adult FGID e questionário Mood State Standard para determinar mudanças no humor. A vitamina C foi utilizada como marcador de aderência ao consumo de Kiwi. Em um subgrupo de pacientes, o tempo de trânsito intestinal foi avaliado por SmartPill (Nova Zelândia e Itália) ou marcador rádio-opaco (Japão). 

Resultados 

Entre 12 de junho de 2014 e 17 de junho de 2017, 184 dos 667 participantes selecionados (63 controles sadios, 60 com constipação intestinal e 61 com SII-C) foram incluídos no estudo. Noventa e dois porcento dos pacientes completaram o estudo. O consumo de kiwis verdes foi associado a um aumento clinicamente significativo no número de evacuações por semana (constipação intestinal = 1,53, P < 0,0001; SII-C; 1,73, P = 0,0003; constipação intestinal + SII-C = 1,69, P < 0.0001).   Após a intervenção com Psyllium, o desfecho primário foi alcançado apenas no grupo SII-C (1,87, P = 0,0051). O consumo diário de kiwis verdes foi associado a uma redução significativa, em comparação ao basal, nos sintomas gastrointestinais para constipação intestinal, SII-C e constipação + SII-C. Já o consumo de Psyllium reduziu de forma significativa os sintomas gastrointestinais apenas no grupo SII-C. No grupo de constipação, o consumo diário de 2 kiwis verdes foi associado ao amolecimento da consistência das fezes, redução do esforço evacuatório e melhora da qualidade de vida em comparação com os valores basais, com resultados significativamente melhores do que o Psyllium para consistência das fezes e esforço evacuatório. Não houve diferença significativa na motilidade gastrointestinal medida pelo SmartPill. Não foram relatados efeitos colaterais graves. 

Leia também: Uso de cápsula vibratória no tratamento da constipação intestinal

Mensagem práticas para casa 

O consumo de dois kiwis verdes por dia está associado a um aumento clinicamente significativo no número de evacuações por semana e na qualidade de vida de pacientes com constipação intestinal e SII-C, além de reduzir o desconforto abdominal, o esforço evacuatório e a consistência das fezes. O uso de Kiwi pode ser recomendado para tratamento de pacientes com constipação intestinal funcional ou SII-C.  

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Referências bibliográficas

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