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Gastroenterologia24 junho 2023

Uso de cápsula vibratória no tratamento da constipação intestinal

A cápsula vibratória é um dispositivo não farmacológico, ingerido por via oral, capaz de estimular mecanicamente a parede intestinal.

A constipação crônica é uma condição que afeta cerca de 11,7 a 14% da população, sendo mais comum entre mulheres e idosos, gerando grande impacto na qualidade de vida. Apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 40 a 50% dos pacientes portadores dessa condição estão insatisfeitos com os tratamentos disponíveis.  

A cápsula vibratória é um dispositivo não farmacológico, ingerido por via oral, capaz de estimular mecanicamente a parede intestinal, aumentando a contratilidade do cólon, a fim de promover evacuação.  

Recentemente, foi publicado um estudo de fase 3, na Gastroenterology, para avaliar a eficácia e a segurança da cápsula vibratória em pacientes com constipação crônica idiopática. 

Veja também: Upadacitinibe para tratamendo de doença de Crohn moderada a grave é opção viável?

Métodos 

Foi realizado um ensaio randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, fase 3. 

  • Grupo intervenção: cápsula vibratória, uma vibração ao dia, cinco dias por semana, durante oito semanas; 
  • Grupo controle: cápsula placebo. 

Os critérios de inclusão foram: 

  • Adultos com idade ≥ 22 anos; 
  • Portadores de constipação crônica idiopática, estabelecido pelos critérios de Roma III; 
  • Ausência de melhora com tratamento convencional (laxantes osmóticos ou estimulantes) por pelo menos um mês; 
  • Média de 1 a 2,5 evacuações espontâneas por semana; 
  • Ter colonoscopia normal nos últimos 5 anos, se acima de 50 anos ou com fator de risco para neoplasia. 

Foram excluídos pacientes com outras causas identificáveis para a constipação. 

O principal desfecho avaliado foi o aumento do número de evacuações espontâneas, ou seja, sem medicação de resgate nas últimas 48 horas e sem manobras digitais, por semana durante pelo menos 6 das 8 semanas: 

  • Desfecho 1: Proporção de pacientes com aumento de 1 ou mais evacuações espontâneas por semana; 
  • Desfecho 2: Proporção de pacientes com aumento de 2 ou mais evacuações espontâneas por semana. 

Outros desfechos foram avaliados através de questionários, como: melhora da consistência das fezes, do grau de esforço evacuatório, da distensão abdominal e da qualidade de vida.  

Resultados  

Dentre os 904 pacientes triados, 312 foram inscritos (269 mulheres e 43 homens). Foram alocados 163 pacientes no grupo intervenção e 149 no grupo placebo. No grupo de intervenção com a cápsula vibratória, houve resposta significativa em relação ao placebo: 

  • Desfecho 1: 39,3% grupo intervenção vs 22,1% grupo placebo, p= 0,001; 
  • Desfecho 2: 22,7% grupo intervenção vs 11,4% grupo placebo p=  0,008. 

Houve ainda melhoras significativas nos desfechos secundários de consistência das fezes, redução do esforço evacuatório e melhora da qualidade de vida.  Não houve diferença significativa na sensação de inchaço abdominal entre os grupos. 

Foram relatados 49 eventos adversos, sendo 41 no grupo de intervenção e 8 no grupo placebo, sendo em sua maioria eventos leves e gastrointestinais. Sensação de vibração foi relatada em 11% dos pacientes no grupo intervenção. Não foram relatados eventos adversos graves no grupo de intervenção. 

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Mensagens práticas  

A constipação intestinal crônica idiopática é uma condição muito prevalente, que afeta a qualidade de vida dos pacientes. Seu arsenal terapêutico conta com medidas comportamentais, suplementação de fibras e uso de medicamentos, como laxantes osmóticos, irritativos e secretagogos. Todavia, ainda existem muitos pacientes refratários e/ou insatisfeitos com os tratamentos disponíveis.  

A cápsula vibratória apresenta ação no eixo cérebro- intestino, aumentando a contratilidade do cólon. O estudo atual mostra eficácia desse tratamento em aumentar o número de evacuações espontâneas por semana, assim como melhora da consistência das fezes, do esforço evacuatório e da qualidade de vida. No entanto, apesar de serem dados encorajadores, mais estudos são necessários, a fim de avaliar eficácia e segurança em longo prazo. 

Clinical Key

Este artigo foi produzido em parceria com a Elsevier, utilizando os conteúdos baseados em evidências disponíveis na plataforma Clinical Key. Clique aqui para saber mais.

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Referências bibliográficas

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