ESPGHAN 2024: Dupilumabe em crianças com esofagite eosinofílica - É eficaz?
Durante o 56ª Encontro Anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN 2024), o Dr. Salvotore Oliva apresentou os resultados do uso de dupilubame em pacientes pediátricos com esofagite eosinofílica (EoE), uma condição esofágica crônica e progressiva, que apresenta clinicamente com sinais e sintomas como disfagia, impactação alimentar, vômitos, entre outros. De forma habitual, o tratamento da EoE envolve a deita de exclusão e o uso de corticoides deglutidos, que estão associados a alguns efeitos adversos e possuem resposta parcial em alguns pacientes.
A discussão
A despeito dos desafios da dieta de exclusão e da ausência de resposta terapêutica em alguns pacientes, o uso da terapia biológica tornou-se um alvo das discussões terapêuticas. Atualmente, o dupilumabe, um anticiporpo monoclonal que inibe de maneira seletiva e simultânea a sinalização da IL-4 e IL-13, é aprovado nos Estados Unidos para pacientes acima de um ano de idade e que tenham mais de 15 kg. De evidenciais atuais, o estudo EoE Kids, avalia eficácia e segurança do uso do dupilumabe em pacientes com idade entre 1-12 anos. Os resultados apresentados pelo Dr. Salvatore, evidenciam que o uso do dupilumabe comparado ao placebo, melhoram os aspectos clínicos e endoscópicos dos pacientes com EoE por volta da 16ª semana de tratamento e com manutenção sustentada dessa melhora até a 52ª semana, sendo seguro e eficaz.
Trazendo mais detalhes sobre o estudo EoE Kids, o Dr. Dhandapani Ashok, por meio da aplicação do Pediatric Eosinophilic Esophagitis Symptom Scores (PEESS v2.0), evidenciou que os pacientes que fizeram o uso de dupilumabe, obtiverem melhores resultados em relação a disfagia, impactação alimentar náuseas e vômitos, quando comparados ao placebo.
ESPGHAN 2024: Terapias farmacológicas para a doença celíaca
Mensagem prática
O tratamento da EoE é complexo com as atuais ferramentas terapêuticas que temos no Brasil, com destaque para a dieta de exclusão que, por muitas vezes, é de difícil realização e manutenção, em especial nos pacientes adolescentes. De forma adicional, as terapias com corticoide deglutido têm ganhado mais espaço no Brasil, indo além do uso de inibidores de bomba de prótons. Porém, a despeito dos tratamentos acimas citados, um grupo de pacientes seguem evoluindo na doença podendo chegar à obstrução da luz esofágica, devido a intensa atividade inflamatória, fazendo então sentido a indicação de outras terapias. Apesar da disponibilidade do dupilumabe no Brasil, o seu uso ainda não pode ser aplicado para todos os pacientes pediátricos, sendo permitido apenas para aqueles acima de 12 anos e com mais de 40 kg.
Esperemos que, com os resultados do estudo EoE Kids apresentados no ESPGHAN 2024, por esses dois palestrantes supracitados, possamos ampliar brevemente a indicação do dupilumabe para outras faixas etárias pediátricas.
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