ESPGHAN 2024: Terapias farmacológicas para a doença celíaca
A doença celíaca (DC) é definida como uma doença sistêmica autoimune, presente em indivíduos geneticamente predispostos, que expostos ao glúten. O seu tratamento padrão-ouro é conhecido de longa data e é baseado em uma dieta de exclusão total do glúten da dieta do paciente, o que é um grande desafio em pacientes pediátricos, que podem manter alterações clínicas, histológicas e/ou sorológicas mesmo com muito esforço para realização da deita de exclusão.
Durante o 56ª Encontro Anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN 2024), foram discutidas as evidências atualmente disponíveis sobre os potenciais tratamentos medicamentos para a DC, apresentadas por Dr. Kalle Kurppa, da Universidade de Tampere. A melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos da DC ao longo dos anos, permitiu a avançar das discussões sobre
Uma parte considerável de pacientes com CD (10% –40%), apresentam sinais ou sintomas contínuos de CD ativa, apesar da realização da dieta. Diversos são os fatores que podem justificar essa não responsividade, mas na grande maioria das vezes, está relacionada a ingestão de glúten, inadvertida ou proposital. A presença concomitante de condições gastrointestinais, como colites, alergias alimentares e supercrescimento bacteriano, podem ser fatores relacionados a não responsividade. De qualquer forma, a refratariedade encontrada em alguns pacientes é uma janela de oportunidade que fomenta das discussões sobre o desenvolvimento de medicamentos para DC.
Como atuam as terapias medicamentosas para DC?
Dr. Kalle apresentou uma tabela sobre as terapias medicamentosas que estão em desenvolvimento, com diferentes mecanismos de ação, como as estratégias que visam “desintoxicar” e/ou “eliminar” o glúten já presente no trato gastrointestinal por meio de peptidases, as abordagens que envolvem o bloqueio da permeabilidade intestinal ou da atividade enzimática da transglutaminase 2, ou as terapias direcionadas para o sistema imunológico, na tentativa de restaurar a tolerância imunológica ao glúten ou redirecionar a ativação imunológica por ele induzida.
Um estudo pediátrico realizado por Makaria e colaboradores (2010-2012), pavaliou o potencial de tratamento da combinação de prednisolona com dieta de exclusão durante 4 semanas, versus dieta de exclusão isolada, avaliando os desfechos de sintomas, alterações histológicas e marcadores imunológicos. O resultado foi que alguns marcadores inflamatórios diminuíram no grupo intervenção, mas sem uma sustentada melhora clínica e sorológica.
Outro estudo apresentando, mas que segue em andamento, sem resultado apresentados, é o estudo PreCISe (Prevention of Celiac Desiase in Skane), que avalia o papel dos probióticos como potencial terapia para DC.
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Seria a dieta de exclusão do glúten uma terapia secundária no futuro?
Apesar dos grandes avanços da compreensão dos mecanismos fisiopatológicos da DC, muito se falta elucidar. O Dr. Kalle deixa claro que a grande maioria dos estudos em andamento, são realizados em adultos e poucos deles devem ser extrapolados para a população pediátrica, devido as diferenças existentes entre esses dois grupos. Talvez, para pacientes com refratariedade, as terapias medicamentosas passam auxiliar, mas a dieta de exclusão do glúten tem grande impacto no tratamento e com grande eficácia.
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