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Endocrinologia30 dezembro 2025

Suplementação de creatina para o tratamento dos sintomas de depressão 

Revisão sistemática avaliou os efeitos da creatina sobre os sintomas de pacientes com Transtorno Depressivo Maior (TDM)

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) afeta aproximadamente 280 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma das principais causas de incapacidade e perda de saúde não fatal. Os nutracêuticos têm despertado interesse crescente na psiquiatria nutricional, e a creatina vem sendo investigada em ensaios clínicos randomizados por seus possíveis efeitos sobre os sintomas de depressão. A creatina é amplamente utilizada para melhorar o desempenho esportivo e, recentemente, tem atraído atenção como um potencial agente terapêutico para a saúde cerebral.  

A creatina desempenha um papel fundamental na homeostase energética cerebral, e alterações no metabolismo energético cerebral em nível celular podem estar envolvidas na fisiopatologia da depressão. 

Metodologia  

Esse estudo é uma revisão sistemática realizada por um grupo de Porto Alegre (RS, Brasil), publicado no The British Journal of Nutrition em novembro de 2025, que teve como objetivo avaliar os efeitos da suplementação de creatina sobre os sintomas depressivos.  

Foram pesquisadas quatro bases de dados até fevereiro de 2025 para identificar ensaios que comparassem creatina e placebo em indivíduos com ou sem diagnóstico de depressão. O desfecho primário foi avaliar o efeito da creatina nos sintomas de depressão e desfechos secundários incluíram: remissão de depressão, resposta ao tratamento, qualidade de vida e segurança e efeitos adversos.  

Resultados encontrados e discussão  

As evidências mostram escores médios de depressão estatisticamente menores nos grupos que receberam creatina em comparação ao placebo, porém com resultados imprecisos e altamente variáveis entre os estudos. A certeza da evidência foi considerada muito baixa.  

Leia também: Agomelatina: evidências clínicas comparativas com outros antidepressivos

A metanálise de resposta ao tratamento (dois ensaios) não sugeriu evidência clara de efeito, enquanto na meta-análise de remissão da depressão (três ensaios) a razão de chances média foi compatível com um benefício substancial. No entanto, esses resultados foram altamente imprecisos e, na maior parte, inconclusivos devido à disponibilidade limitada de dados. A certeza da evidência também foi muito baixa.   

Os eventos adversos foram geralmente semelhantes entre os grupos intervenção e placebo, ocorreram em fase inicial e foram relatados como tendo melhorado sem intervenções específicas. 

Conclusão: creatina no tratamento da depressão   

Apesar de evidências promissoras, a creatina não é atualmente recomendada pelas principais diretrizes clínicas e revisões sistemáticas anteriores de nutracêuticos para transtornos psiquiátricos encontraram evidências limitadas avaliando sua eficácia.  

Os achados desse estudo sugerem que a creatina pode oferecer um benefício pequeno a moderado para indivíduos com depressão; porém, os efeitos médios não foram clinicamente relevantes e o verdadeiro efeito pode ser mínimo ou nulo. A evidência disponível é muito incerta, e ensaios randomizados maiores e mais rigorosos são necessários para conclusões definitivas. 

Saiba mais: Estratégias de prescrição e manejo do tratamento com agomelatina em adolescentes

Autoria

Foto de Letícia Japiassú

Letícia Japiassú

Médica endocrinologista com Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (2008) e especialização pela Associação Brasileira de Nutrologia (2020). Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2006).

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Referências bibliográficas

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