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Endocrinologia13 novembro 2020

Hipotireoidismo e abortamento de repetição, há correlação?

Uma das patologias frequentes em mulheres são os distúrbios da tireoide, como o hipotireoidismo, e isso pode afetar a gestação.

Por Camilla Luna

Uma das patologias mais frequentes em mulheres em idade reprodutiva são os distúrbios da tireoide. Durante a gestação já está bem documentada a correlação entre as alterações e o risco de resultados adversos, todavia pouco se sabe quanto repercussão em mulheres no período pré concepcional assintomáticas que não foram rastreadas.

Em mulheres com diagnóstico de abortamento de repetição ou infertilidade, o hipotireoidismo subclinico (TSH 4,5 – 10 mlU/L ) possui uma incidência de 20% segundo uma publicação no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, em junho de 2020. O estudo coorte, prospectivo, observacional multicentrico realizado com dados de 49 hospitais na Inglaterra com dados de 19.200 participantes de novembro de 2011 a janeiro de 2016, teve como objetivo definir os fatores associados aos diferentes tipos de fenótipos de disfunção tireoidena em mulheres com abortamento de repetição ou infertilidade.

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Médico tenta descobrir a correlação entre Hipotireoidismo e abortamento de repetição.

Características das pacientes do estudo

Foram incluidas mulheres com diagnóstico de infertilidade com idade entre 16 e 41 anos, sem diagnóstico de patologia tireoidenea, cardíaca, bem como que não usasse lítio ou amiodarona. O diagnóstico de abortamento foi definido a partir de um beta-hcg positivo que a gestação não evoluiu. As participantes foram estratificadas por idade, IMC, raça e passado obstétrico.

Os resultados encontrados usando os valores de referência aceitos foi que o hipotireoidismo evidente não havia sido diagnosticado em 0,2%, o hipertireoidismo em 0,3%, hipotireoidismo subclínico grave (TSH > 10 mlU/L) em 0,2% e leve (TSH > 4,5 mlU/L) em 2,4%. Os autores relatam que em virtude dos guidelines recomendarem que o TSH de mulheres que desejam engravidar seja abaixo de 2,5 mlU/L, caso isso estivesse sido estabelecido como valor de referência 16 a 20% das mulheres avaliadas teriam o diagnóstico.

Saiba mais: NEJM: nova revisão sobre hipotireoidismo subclínico

Evidenciou-se também que probabilidade do hipotireoidismo subclínico (TSH > 4,5 mlU/L) é aumentada em pacientes com IMC >34 kg/m² (OR 1,71) e de etnia asiática (OR 1,76). O prevalência do anti-TPO foi de 9,5% e, segundo os autores, foi o fator mais associado a disfunção tireoidiana após ajustes dos vieses. Todavia, mulheres com história de um ou abortamento de repetição ou infertilidade não foram mais propensas a ter anti-TPO positivo, de acordo com Dr. Trolice, “uma avaliação em um aborto produz resultados semelhantes aos de avaliações de dois ou três”, reforçando a ideia que a infusão tireoideana deve ser investigada nessa população.

Conclusão

De acordo com American Society for Reproductive Medicine (ASMR), mulheres que desejam engravidar devem manter o TSH < 2,5 mlU/L, caso esteja acima desse valor e/ou anti-TPO positivo o tratamento com Levotiroxina deve ser considerado. Desse modo, de acordo com o estudo a investigação de tireoidopatias em mulheres inférteis ou com história de abortamento de repetição faz-se necessária.

Referências bibliográficas:

  • Dhillon-Smith RK, et al. The Prevalence of Thyroid Dysfunction and Autoimmunity in Women With History of Miscarriage or Subfertility. J Clin Endocrinol Metab. 2020; 105(18):2667-2677. doi: 10.1210/clinem/dgaa302
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