Efeitos da reposição de testosterona em pacientes com síndrome metabólica 

A síndrome metabólica compreende um conjunto de desordens que aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Seu manejo é multidisciplinar e envolve mudança de estilo de vida com prática regular de atividade física e alimentação equilibrada, além de tratamento medicamentoso quando indicado. Recentemente, foi lançada uma revisão que visou abordar se há benefício da terapia de reposição hormonal com testosterona em pacientes do sexo masculino com síndrome metabólica e hipogonadismo. 

A síndrome metabólica inclui um grupo de desordens que estão associadas a aumento de risco cardiovascular. Há diversas classificações, dentre elas a mais utilizada, a da Federação Internacional de Diabetes preconiza a seguinte classificação de  síndrome metabólica: Obesidade central ( CA ≥ 94 cm em homens e ≥ 80 cm em mulheres) associada a pelo menos mais dois critérios dentre os quais: Hipertrigliceridemia ≥ 150 mg/dl ou  em tratamento específico para tal, HDL baixo ( < 40 em homens e < 50 mg/dl em mulheres) ou tratamento específico para tal, elevação da pressão arterial ( PAS ≥ 130 mmHg ou PAD ≥ 85 mmHg) ou em tratamento para Hipertensão (HAS) já diagnosticada e elevação da glicemia > 10 mg/dL ou em tratamento para diabetes mellitus tipo 2 (DM2). 

Metodologia 

Após coleta em base de dados eletrônicos, apenas 2 estudos foram incluídos na presente meta-análise, eles avaliaram 184 homens em Moscou por 30 semanas e 65 homens no Japão por 1 ano. Os estudos analisados abordaram pacientes com síndrome metabólica e hipogonadismo masculino que foram submetidos a tratamento com testosterona IM (145 pacientes) ou placebo (104 pacientes). 

Resultados 

Não houve declínio significativo nos níveis de glicemia e colesterol com o tratamento com testosterona. No entanto, houve queda dos níveis de triglicerídeos, bem como redução da circunferência abdominal após a terapia com testosterona. 

Discussão 

Tal estudo foi a primeira metanálise a avaliar os resultados da terapia de reposição hormonal com testosterona em pacientes com hipogonadismo e síndrome metabólica. 

Apesar de tentar demonstrar um benefício da reposição com testosterona em pacientes com hipogonadismo e síndrome metabólica, o estudo contou com algumas limitações. 

Apresentou precisão insuficiente ao contar apenas com dois artigos em sua meta-análise e com pouca capacidade de avaliar heterogeneidade da população estudada. Consequentemente, apresentou baixa aplicabilidade em outros centros.  

No entanto, o objetivo do estudo foi mais de avaliar a direção do efeito da terapia proposta do que a sua magnitude. 

Conclusão: reposição de testosterona em pacientes com síndrome metabólica 

O tratamento com testosterona em pacientes com síndrome metabólica e hipogonadismo masculino proporcionou redução da circunferência abdominal e dos níveis de triglicerídeos na análise do estudo. No entanto, os dados evoluídos não foram suficientes para indicar essa terapia para o tratamento de todos os pacientes com essas duas condições. 

Mais estudos são necessários para avaliar quais pacientes se beneficiariam do tratamento e quais estariam sob risco aumentado dos efeitos colaterais. 

Por enquanto, segue-se a recomendação das principais sociedades de Endocrinologia para indicar a terapia de reposição hormonal apenas para homens com hipogonadismo documentado e sem contraindicações ao tratamento.