A hipertensão (HAS) afeta mais de um terço da população e é uma das principais causas de doença cardiovascular e morte no mundo. Tem relação com diversos fatores de risco modificáveis e não modificáveis, como resistência à insulina.
Uma das formas de avaliar a resistência à insulina é com o índice triglicerídeo-glicose (ITG), a partir de parâmetros facilmente obtidos e comumente medidos na avaliação de rotina dos pacientes. Esse índice tem relação com pré-HAS e HAS e recentemente foi publicada uma revisão sistemática e metanálise para avaliar a relação dose-resposta entre o ITG e a incidência de HAS.
Métodos do estudo e população envolvida
Os critérios de inclusão eram: estudos observacionais prospectivos ou retrospectivos e relato de ITG alto versus baixo de forma comparativa em associação as variáveis mencionadas.
A variável exposição era o ITG, computado com a fórmula logarítmica dos triglicerídeos em jejum multiplicado pela glicose em jejum dividido por 2. A incidência de HAS foi premeditada em vários intervalos do ITG e o impacto foi estimado usando odds ratios (OR).
Resultados
Foram incluídos 108.396 participantes de 14 estudos observacionais e a categoria com ITG mais alto teve relação com risco maior de HAS tanto nos modelos não ajustados (OR 2,59; IC 95% 2,03-3,31; p < 0,001) quanto ajustados (OR 1,74; IC 95% 1,39-2,19; p < 0,001). A relação entre ITG e HAS foi não linear (p < 0,001), sendo a curva mais íngreme com valores maiores de ITG.
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Comentários e conclusão: índice triglicerídeo-glicose e incidência de hipertensão
Esta metanálise mostrou associação entre ITG e HAS, com relação dose resposta não linear. Esse índice é facilmente obtido durante avaliação de rotina dos pacientes e sua determinação pode ser útil para auxiliar na estratificação de risco. Além disso, pode se tornar um marcador para predizer a incidência de HAS, conforme sugeridos por dois estudos de coorte prospectiva e também já foi relacionado a pré-HAS em pacientes magros e a pré-HAS e HAS em crianças e adolescentes.
Estudos já mostraram que um índice aumentado está associado a aumento da rigidez arterial e eventos cardiovasculares desfavoráveis em pessoas consideradas saudáveis e naqueles com doença arterial coronariana.
Assim, na presença de ITG alto, recomenda-se intervenções mais intensivas de prevenção. No estudo o ITG utilizado como referência para comparação foi 7.
A maioria dos estudos avaliados foram transversais e o corte ideal para um valor prognóstico ainda é indeterminado, sendo mais estudos necessários para chegar a esse valor. Além disso, mais estudos também são necessários para avaliar se há benefício de intervenções farmacológicas específicas.
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