ICO 2024: Obesidade na menopausa
No último dia do ICO, Congresso Internacional de Obesidade, foi abordada a saúde da mulher. Uma das aulas da mesa trouxe o tema “Terapia de Reposição Hormonal na mulher com obesidade: avaliando riscos e benefícios”. A aula foi realizada pela dra. Dolores Pardini, que é médica do ambulatório de climatério da UNIFESP e diretora do departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da SBEM.
A indicação de terapia hormonal da menopausa na mulher com obesidade requer alguns cuidados, devido ao maior risco de câncer de mama e endométrio, assim como maior risco de tromboembolismo. Apesar de alguns riscos aumentados, precisamos saber os sintomas de síndrome climatérica podem ser piores na menopausa associada à obesidade.
Como em todas as terapias que prescrevemos, aqui também será importante avaliar riscos e benefícios, não deixando a mulher sem o cuidado necessário nesse momento da vida. Os benefícios incluem controle dos sintomas, como redução dos fogachos e sintomas genitourinários, assim como melhora de massa óssea. Quando iniciada precocemente, pode levar a melhora de composição corporal e redução de risco cardiovascular. A terapia combinada com estrogênio e progesterona pode aumentar o risco de câncer de mama, enquanto o estrogênio aumenta o risco de eventos tromboembólicos, o que nessa população é a maior preocupação.
Dados de um dos principais estudos sobre terapia hormonal da menopausa, o WHI (Women’s Health Iniciative) , publicado em 2002, mostram incidência aumentada de eventos tromboembólicos em pacientes com mais de 60 anos, principalmente após 70 anos. No entanto, com a terapia hormonal abaixo de 59 anos, há evidências de benefícios de redução de risco cardiovascular.
Avaliando os motivos para prescrever a terapia hormonal da menopausa, sabemos da piora do sono ao longo do tempo em associação à menopausa, o que em parte se deve aos fogachos noturnos. A piora do sono na menopausa pode levar à redução da disposição da mulher para a prática de exercícios físicos, assim como ao aumento da fome, o que também contribui para o ganho de peso nesse momento da vida.
Para a prática clínica
Por fim, além de avaliar riscos e benefícios, ao prescrever a terapia hormonal da menopausa, é muito importante priorizar a reposição de estrogênio por via transdérmica para minimizar o risco de tromboembolismo, e a progesterona natural, que não apresenta evidências de aumento do risco de câncer de mama como as progesteronas sintéticas.
Na discussão da mesa, um participante perguntou sobre a reposição de testosterona em mulheres com obesidade. A palestrante se posicionou sobre a contraindicação da reposição de testosterona em mulheres com diabetes mellitus tipo 2 e obesidade.
Na prática, uma preocupação frequente das pacientes é se a terapia hormonal levaria ao ganho de peso, sendo importante o médico ter o conhecimento, para esclarecimento das pacientes, que a terapia de estrogênio, isolada ou em combinação com progesterona, não leva ao aumento do peso, podendo melhorar a composição corporal quando iniciada precocemente.
Confira os destaques do ICO 2024!
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.