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Endocrinologia17 dezembro 2024

Consequências a longo prazo do tratamento com bifosfonatos

Os bifosfonatos (BF) são medicações amplamente utilizadas para o tratamento da osteoporose, que apesar dos benefícios podem ter efeitos colaterais mais raros
Por Juliane Braziliano

Os bifosfonatos (BF) são medicações amplamente utilizadas para o tratamento da osteoporose. Apesar de seus claros benefícios, ainda há receio em relação a alguns efeitos colaterais mais raros como fratura atípica de cabeça de fêmur e osteonecrose de mandíbula.  

Baseado na relevância do tema, recentemente foi divulgado um artigo que visou abordar as principais consequências do uso de bifosfonatos a longo prazo. Segue abaixo um breve resumo dele. 

Bifosfonatos são medicações com efeito anti osteoporótico bem consolidado, sendo utilizados no tratamento da osteoporose há pelo menos 2 décadas. Os benefícios da prevenção de fraturas e aumento da massa mineral óssea (BMD) são sustentados por anos mesmo após a interrupção da medicação. Além disso, são medicações de baixo risco, que reduzem morbidade e aumentam taxas de sobrevivência. 

Leia mais: O uso de bifosfonatos prejudica a consolidação de fraturas de ossos longos?

bifosfonatos

Mecanismo de ação 

Os bifosfonatos  apresentam afinidade por cristais ósseos de hidroxiapatita, se conectando a esses componentes na superfície da matriz óssea. Eles são incorporados em áreas com remodelamento ósseo ativo e, desse modo, são capazes de de prevenir a reabsorção óssea e aumentar a BMD.  

Além disso, também inibem o recrutamento de osteoclastos, induzindo a apoptose deles. A fração de BF que não se conecta aos cristais de hidroxiapatita, é eliminada pelos rins, motivo pelo qual não se recomenda utilizar tal medicação em pacientes com Taxa de filtração glomerular (TFG) inferior a 30 mL/min. 

Os BF podem ficar retidos no osso por período prolongado, o que justifica a baixa perda de massa óssea mesmo após a descontinuação da medicação. 

Benefícios a longo prazo 

Alguns estudos foram avaliados no presente artigo e mostraram que pacientes que utilizaram BF por um tempo maior apresentaram menores níveis de marcadores de remodelamento ósseo, menor risco de fraturas vertebrais clínicas e morfométricas.  

Além disso, para pacientes com osteoporose em colo de fêmur, mas sem fraturas vertebrais; a terapia por tempo prolongado foi benéfica na prevenção de tais fraturas vertebrais. 

As pacientes em pós menopausa com osteoporose e alto risco de fraturas também se beneficiaram da terapia prolongada com BF. 

De um modo geral, a American Society for Bone da Mineral Research (ASBMR), sugere que mulheres pós menopausa recebendo BF orais por ≥ 5 anos ou BF IV ≥ 3 anos e com fraturas em quadril, coluna ou algum outro sítio antes ou durante a terapia ou TS < -2,5 em quadril ou alto risco de fraturas se beneficiam da manutenção dos BF ou trocas por outra terapia antirreabsortiva, devendo ser reavaliadas a cada 2-3 anos. 

Riscos a longo prazo 

Alguns efeitos a curto prazo e mais relacionados a aplicação são: efeitos gastrointestinais, hipocalcemia, dor muscular, fibrilação atrial e sintomas flu-like (IV). 

Os riscos a longo prazo são extremamente raros, porém geram preocupação no meio dos pacientes. Eles são: fratura atípica de fêmur (FAF) e osteonecrose de mandíbula (ONM). 

Os fatores de risco para ocorrência de FAF são deficiência de vitamina D, diabetes mellitus, uso de glicocorticoides, baixa massa óssea em fêmur, idade avançada e histórico de quedas. Já para a ONM, os fatores são: histórico de câncer, tabagismo, hipertensão arterial, artrite reumatoide ou diabetes mellitus, além de fatores invasivos tais como procedimentos dentários, infecção dental ou má higiene bucal. 

As principais sociedades recomendam que antes do tratamento com bifosfonatos, os pacientes sejam avaliados por um dentista e que em caso de realização de procedimento dentário a profilaxia com antibioticoterapia seja realizada. Não há evidência clínica que sustente a suspensão dos BF como forma de prevenir a ONM em caso de realização de procedimentos dentários. 

Veja também: Uso de bifosfonados por tempo prolongado traz benefício?

Conclusão e mensagem prática 

Em suma, os benefícios no ganho de massa óssea e a redução dos riscos de fraturas com o tratamento a longo prazo com BF supera os riscos dos efeitos adversos raros citados acima. Além de benefício ósseo, há redução de morbimortalidade e aumento na qualidade de vida dos pacientes. A decisão de continuar ou interromper o tratamento com BF é um desafio e deve se basear nas recomendações das principais sociedades médicas. 

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Referências bibliográficas

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