Paciente, 31 anos, sexo feminino, notou surgimento de nódulo em topografia da região tireoidiana há quatro meses. Nega dor local e sintomas compressivos como dispneia, disfagia e pigarro.
De história patológica pregressa, a paciente trata ansiedade com psiquiatra e vem em uso de fluoxetina 20 mg/dia. Nega alergia medicamentosa, tabagismo e etilismo. A paciente pratica atividade física regularmente (musculação quatro vez por semana durante uma hora), apresenta catamênios regulares e não possui filhos. O histórico familiar de doenças inclui hipertensão arterial sistêmica por parte do pai e a mãe com hipotireoidismo e nódulo tireoidiano.
Ao exame físico
Paciente lúcida e orientada, corada, hidratada, acianótica, anictérica, eupneica em ar ambiente.
PA:112×68 mmHg FC: 68 bpm Peso: 66 kg, Alt:1,62, IMC: 25,19 kg/m2
Tireoide: Tópica, elástica, móvel, indolor, apresentando nódulo palpável em 1/3 inferior de LE de, aproximadamente, dois centímetros, sendo este móvel e elástico.
AR: MVUA, sem RA.
AVC: RCR,2T, BNF, sem sopros.
Abdome: Atípico, peristáltico, sem massas palpáveis, timpânico.
Membros inferiores: Pulsos pedioso-palpáveis, sem edema, reflexos preservados
Saiba mais: Caso clínico: Otimização do tratamento do DM2
Exames laboratoriais referentes à tireoide:
TSH: 2,0
T4L: 1,1
Anti-tpo: negativo
USG de tireoide com doppler:
Tireoide tópica, homogênea, com seguinte nódulo a saber:
Nódulo sólido, hipoecoico, margens irregulares, com extensão extratireoidiana, com calcificações puntiformes, em 1/3 inferior de LE de 1,9×1,7×0,5 cm – TIRADS 5.
Dimensões e vascularização da glândula dentro da normalidade.
Paciente então foi orientada a realizar punção aspirativa por agulha fina (PAAF) do nódulo com seguinte resultado: Bethesda V
Qual conduta a ser traçada a partir desse resultado?
Nódulos tireoidianos são bastante frequentes na população brasileira e o seu correto diagnóstico é fundamental para o tratamento adequado.
A análise dos nódulos tireoidianos envolve uma boa anamnese aliada a exame físico cuidadoso.
A função tireoidiana deve ser sempre avaliada com intuito de descartar que o nódulo seja autônomo, ou seja, produtor de hormônios tireoidianos. Após tal exclusão, pode-se solicitar a PAAF se o nódulo preencher critérios. Tais critérios são feitos pela análise das características do USG de tireoide e seguem o sistema da classificação TIRADS que visa averiguar o risco de malignidade. Como o nódulo da paciente era altamente suspeito, foi submetido à PAAF.
A PAAF, por sua vez, revelou um nódulo Bethesda V. A classificação de Bethesda é uma classificação baseada na análise histopatológica da amostra da PAAF. Ela varia de I a VI, sendo a classificação V representando alta suspeita para malignidade.
Nesses casos, é indicada a cirurgia de tireoidectomia total por médico cirurgião experiente e a posteriori manutenção de acompanhamento regular com endocrinologista.
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