Logotipo Afya
Anúncio
Endocrinologia19 julho 2024

Testes moleculares para nódulos de tireoide: como estamos?

A chegada dos testes moleculares traz uma nova oportunidade de avaliação dos nódulos tireoidianos com PAAFs de significado indeterminado.

É de grande incômodo no âmbito da Endocrinologia quando a análise de uma punção aspirativa por agulha fina (PAAF) de nódulo tireoidiano vem com um resultado “indeterminado”, ou seja, as categorias Bethesda III e IV. Muitas das vezes, o médico endocrinologista precisa solicitar uma nova PAAF ou até mesmo encaminhar o paciente para cirurgia. A chegada dos testes moleculares traz uma nova oportunidade de avaliação dos nódulos tireoidianos com PAAFs de significado indeterminado.

Leia mais: Câncer de tireoide: revisão de grandes estudos focada em diagnóstico e manejo

Recentemente, foi lançada uma grande revisão sobre esse tema de notável relevância clínica. Segue abaixo um breve resumo da mesma. 

tireoide

Antes de nos aprofundarmos

Os nódulos tireoidianos são extremamente comuns e o impacto clínico dos mesmos consiste em excluir malignidade, avaliação de produção hormonal dos nódulos e presença de sintomas compressivos. 

Quando o objetivo é excluir malignidade, a PAAF ainda é o padrão-ouro, porém 25% das amostras podem ser categorizadas como “indeterminadas”, ou seja classe III de Bethesda ( atipia de significado indeterminado) ou classe IV de Bethesda (neoplasia folicular). 

Até a década passada, os nódulos com essas classificações eram submetidos a nova PAAF ou então encaminhados à cirurgia, porém o surgimento dos testes moleculares trouxe uma nova janela de oportunidade diagnóstica e até mesmo terapêutica. 

Sendo assim, os testes moleculares podem ser indicados para nódulos Bethesda III e IV com o intuito de melhor avaliar o risco de malignidade e encaminhar à cirurgia com maior acurácia diagnóstica prévia.

Como fazer esta avaliação?  

A proposta é de que a avaliação de tais nódulos deva incluir a história pessoal de radiação cervical, histórico familiar positivo para câncer de tireoide, características ultrassonográficas (ACR-TIRADS) ou estratificação de risco da ATA, avaliação citológica e dosagem dos níveis de calcitonina.  Dessa maneira, em caso de nódulos TIRADS 3 ou 4, os testes moleculares podem ser bem indicados. 

Os testes moleculares podem ser categorizados em “classificadores” e “marcadores”.  

Até o momento, os testes que temos disponíveis são: Afirma Genomic Sequencing Classifier (GSC; Vercyte, Inc, San Francisco, CA, USA), Mir-Thype (ONKOS Diagnostics Moleculars LTDA, Ribeirão Preto, Brasil) e ThyroPrint (GeneproDX, Santiago, Chile) – esses de perfil classificador e os ThyroSeqv3 (CBLPath,Inc Rye Brook, NY and University of Pittsburgh, PA, USA)  e ThyGern/ThyraMIR (InterpaceDiagnostics,LLC,Parsippany,NJ,USA) que são de perfil marcador. 

Veja também: Ablação por radiofrequência em nódulos tireoidianos benignos

 Os testes classificadores apresentam altos valores preditivos negativos (VPN)  e alta sensibilidade, sendo bons para exlcluir malignidade com elevado poder diagnóstico.  Para serem bons, precisam ter VPN >95% e sensibilidade  >86%.  

Já os testes marcadores apresentam elevado valor preditivo positivo (VPP) e alta especificidade, sendo bons para confirmar a malignidade na amostra analisada e a depender do tipo de mutação avaliada, ainda podem auxiliar no prognóstico. Para serem bons, precisam ter VPP >70% e especificidade  >87%.  

O auxílio no prognóstico é muito útil na medida em que podem predizer a agressividade tumoral (risco de recorrência, invasão extratireoidiana e metástases locais ou distantes) e consequentemente, determinar a extensão tireoidiana e necessidade de terapia adjuvante com iodo. 

Terapêutica 

Como forma terapêutica, os testes moleculares são capazes de identificar inúmeros tipos de mutações e assim guiar o tratamento de modo medicamentoso. 

Em suma, os testes moleculares assumem um papel importante no manejo dos nódulos tireoidianos desde o seu diagnóstico, passando pelo prognóstico e melhor abordagem terapêutica.  

Sabemos que ainda há muito a se avançar nesse ramo, porém é essencial que os médicos já se habituem com as alterações moleculares dos cancêres de tireoide e estejam cientes da disponibilidade dos testes para uma melhor prática clínica. 

 

Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Referências bibliográficas

Compartilhar artigo