Caso clínico: Como abordar paciente com queixa de cefaleia e prolactina alta?
Paciente, 45 anos, sexo masculino, previamente hígido, procura acompanhamento ambulatorial com neurologista devido a dores de cabeça de moderada intensidade, com frequência de duas a três vezes na semana, há aproximadamente quatro meses. Negava qualquer outro sintoma associado.
Sobre história patológica pregressa, fisiológica e social, nega comorbidades, não fazia uso de nenhuma medicação de maneira contínua, sem alergias e negava tabagismo e etilismo. Era sedentário e nunca havia sido submetido a nenhuma cirurgia. Desenvolvimento sexual sem alterações.
Histórico familiar positivo para hipertensão arterial sistêmica e hipotireoidismo em pai e mãe, respectivamente.
Ao exame físico, o paciente não apresentava nenhuma alteração significativa, encontrando-se lúcido, orientado, corado, hidratado e eupneico em ar ambiente.
PA:112×78 mmHg FC: 78 bpm Peso: 90 kg Alt:1,75 IMC:29,41kg/m2
AR:MVUA, sem RA.
ACV:RCR,2T, BNF, sem sopros.
Neurológico: campimetria visual preservada, bem como avalição de pares cranianos sem alterações.
Neurologista então solicitou uma ressonância magnética (RM) de sela túrcica que acusou lesão em região hipofisária de 0,8×0,8×0,7 cm, sem compressão de estruturas vizinhas e com quiasma óptico preservado, compatível com microadenoma hipofisário.
Foi então encaminhado ao endocrinologista que solicitou exames laboratoriais, sendo o mais relevante a dosagem de prolactina, que se encontrava no valor de 120 ng/mL (VR médio: 20-40 ng/mL).
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Sendo assim, qual a abordagem dos prolactinomas?
Dentre os adenomas hipofisários funcionantes, o prolactinoma é o mais comum deles, sendo divididos em microprolactinomas (<1cm) e macroprolactinomas (>1cm).
Por secretarem prolactina, seus sintomas são decorrentes desse excesso hormonal, sendo os mais notados: galactorreia, hipogonadismo, cefaleia, alterações visuais, hirsutismo, acne, obesidade e osteoporose.
Para os microprolactinomas, a abordagem terapêutica de escolha é o agonista dopaminérgico cabergolina, devendo ter sua dosagem avaliada dois a três meses após início da terapia e a posteriori, pode ser avaliada a cada seis a 12 meses se a prolactina normalizar. A RM pode ser solicitada se forma anual para monitoramento da lesão e ser avaliada com maior intervalo de tempo se o tamanho da lesão regredir ou estabilizar.
Já para os macroprolactinomas, principalmente os que possuem efeitos compressivos, a avaliação de um neurocirurgião experiente se faz necessário para provável indicação cirúrgica, de preferência pela via transesfenoidal.
Em casos recidivantes, pode-se tentar outros agonistas dopaminérgicos para os microprolactinomas (ex: bromocriptina) ou radioterapia para os macroprolactinomas.
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