A rosácea apresenta-se inicialmente com rubor facial, pápulas e pústulas, que, se recorrentes, podem evoluir para eritema persistente e telangiectasias de tamanhos variados, sendo a forma eritematotelangiectásica (ET) o subtipo mais comum. Pode causar prejuízo estético significativo e geralmente é acompanhada de sintomas como queimação, ardência, ressecamento e prurido, afetando a qualidade de vida dos pacientes.
Diversos tratamentos são bem estabelecidos para o manejo da rosácea ET, incluindo os reguladores vasculares tópicos e orais além de fotofisioterapia. Esta última inclui o uso de luz intensa pulsada (LIP), lasers e radiofrequência. Os dispositivos a laser usam a hemoglobina como meio, emitindo fótons ou feixes de laser para desnaturar e coagular a hemoglobina, danificando as células endoteliais dentro dos capilares, reduzindo a telangiectasia e inibindo a proliferação vascular. Embora a terapia a laser tenha vantagens para o tratamento da telangiectasia, os pacientes com a barreira cutânea comprometida podem não tolerar a estimulação local dos lasers, além do seu alto custo também limitar seu uso clínico na prática.
A terapia de punção colateral (TPC) é uma prática ancestral que utiliza pequenas agulhas para perfurar pontos específicos e, ao longo dos anos, várias ferramentas de acupuntura e punção colateral foram desenvolvidas. A técnica visa a perfuração de pontos de acupuntura específicos, áreas de lesão ou pontos de reação patológica para liberar uma certa quantidade de sangue para o tratamento de doenças.
De acordo com a medicina tradicional chinesa, a patogênese da rosácea é a estagnação do “mal do calor” na pele do rosto, causando coagulação sanguínea, sendo utilizada a terapia de punção colateral para seu tratamento. Além disso, a medicina moderna reconhece que a punção colateral pode melhorar a microcirculação, tornando-a adequada para o tratamento da rosácea ET. Clinicamente, a TPC tem sido indicada para o tratamento da rosácea e tem recebido feedback positivo sobre sua eficácia, porém a prática carece de evidências científicas de qualidade.
O estudo visa avaliar objetivamente a eficácia da terapia de punção colateral na ET usando métodos de observação clínica científica. O objetivo secundário é complementar os métodos de tratamento da rosácea, padronizar os protocolos de tratamento e preencher uma lacuna clínica atual no tratamento da rosácea.
Metodologia e resultados
Esse estudo clínico randomizado incluiu 60 pacientes com rosácea ET, divididos em 2 grupos: um tratado com quatro sessões semanais de TPC e outro com uma única sessão de LIP. A eficácia foi avaliada por médicos e pacientes com base critérios como eritema, telangiectasias, ferramentas de autoavaliação, índices de qualidade de vida e questionários específicos para rosácea, com medições realizadas antes, imediatamente após e no seguimento do tratamento. A análise estatística proposta será conduzida com o software SPSS, e os resultados estão previstos para serem divulgados até dezembro de 2025.
Discussão e mensagens práticas: tratamento da rosácea eritematotelangiectásica
- O estudo foi randomizado e incluiu 60 pacientes com rosácea ET e comparou a eficácia da TPC com a LIP.
- A TPC mostrou potencial anti-inflamatório, efeito regulador neurovascular e impacto positivo sobre o metabolismo, além de ser um método mais acessível com resposta clínica rápida.
- Apesar desses benefícios e de uma base teórica sólida da TPC, o estudo reconheceu limitações, como o número reduzido de sessões no grupo controle, curto período de acompanhamento, ausência de avaliação da função de barreira cutânea e falta de padronização de efeitos adversos.
- Mais estudos são necessários para expandir a amostra e incluir indicadores de segurança de eficácia melhores.
- Os achados podem contribuir para padronizar o uso da TPC como alternativa segura e econômica para o tratamento da rosácea ET, potencialmente reduzindo a carga da doença e os custos econômicos.
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