A psoríase é uma doença imunomediada com manifestações cutâneas e/ou articulares, e pode ter um grande impacto na qualidade de vida. Atualmente, várias estratégias de tratamento permitem o controle da doença, porém, apesar de vários tratamentos disponíveis, suas eficácias comparativas e segurança permanecem obscuras devido ao número limitado de comparações diretas.
Esse estudo propôs avaliar a eficácia e a segurança dos tratamentos farmacológicos para psoríase em placas moderada a grave através de uma meta-análise em rede de ensaios clínicos randomizados. O objetivo foi comparar diretamente e indiretamente múltiplos tratamentos, incluindo agentes biológicos e medicamentos tradicionais.
Os estudos incluídos avaliaram 26 medicamentos diferentes, abrangendo 67.889 adultos com psoríase (idade média de 44,4 anos) e com tratamentos que duraram de dois a seis meses. Dos 177 estudos que relataram sua fonte de financiamento, as empresas farmacêuticas financiaram 157 estudos e 27 não relataram uma fonte de financiamento. Foram então incluídos 179 ensaios clínicos randomizados. O desfecho primário foi a proporção de pacientes que alcançaram PASI 90 em 10 a 16 semanas. Após, avaliou-se o PASI 75, a qualidade de vida ( DLQI) e eventos adversos.
Os resultados desse estudo evidenciaram que os inibidores da IL-17 (bimequizumabe, ixecizumabe, secuquinumabe, brodalumabe) e os inibidores da IL-23 (guselkumabe, risanquisumabe e tildrakizumabe) apresentaram as maiores taxas de eficácia, com probabilidade elevada de atingir PASI 90 em curto prazo. O bimequizumabe destacou-se como terapia mais eficaz, seguido de outros agentes anti IL-17 e anti IL-23.
Entre os biológicos mais antigos, o adalimumabe e etanercepte mostraram menor eficácia relativa. Os medicamentos tradicionais, como metotrexato, ciclosporina e acitretina apresentaram menor desempenho, porém ainda com relevância em contextos de custo, disponibilidade e contraindicações aos biológicos.
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Quanto à segurança, a maioria dos agentes apresentou perfil aceitável no curto prazo, sem aumento expressivo de efeitos adversos graves em relação ao placebo. No entanto, a análise foi limitada pelo tempo curto de seguimento nos ensaios clínicos.
O estudo concluiu que os agentes biológicos mais recentes, principalmente os que atuam na via da IL-15 e IL-23 são atualmente as opções mais eficazes para o tratamento da psoríase em placas moderada a grave, mas fatores como segurança a longo prazo, custo e acesso devem guiar a decisão terapêutica.
Quais as conclusões práticas que esse estudo proporcionou para o tratamento da psoríase crônica?
- Nessa avaliação, o Bimequizumabe foi o agente mais eficaz para alcançar PASI 90 em curto prazo, seguido de outros anti IL-17 e anti-IL23;
- Anti IL-17 e anti IL-23 apresentaram melhor desempenho em eficácia em relação aos anti-TNF;
- Biológicos antigos (adalimumabe, etanercepte) e os imunossupressores tradicionais (meotrexato, ciclosporina e acitretina) apresentaram eficácia menor, mas ainda tem relevância em contextos específicos;
- O perfil de segurança em curo prazo é aceitável para todas as classes, porém faltam dados robustos de longo prazo;
- A decisão terapêutica deve equilibrar eficácia, segurança, custo e disponibilidade, considerando o perfil do paciente e o acesso ao tratamento.
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