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Dermatologia31 janeiro 2022

Cisto Epidermoide: o que todo médico precisa saber?

O cisto epidermoide, também conhecido como cisto sebáceo, é um nódulo subepidérmico, benigno e encapsulado, preenchido por queratina.

Por Juliana Toma

O cisto epidermoide, também conhecido como cisto sebáceo, é um nódulo subepidérmico, benigno e encapsulado, preenchido por queratina. Embora sua localização comum seja na face, pescoço e tronco, ele também pode ser encontrado em outras áreas do corpo, incluindo o escroto, genitália, dedos, ou mesmo mucosa bucal.

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Cisto Epidermoide o que todo médico precisa saber

Dermatologist examines a mole of male patient

Terminologia

O termo “cisto sebáceo” é comumente utilizado, no entanto, é impróprio porque o cisto epidermoide não envolve a glândula sebácea. Os cistos epidermoides se desenvolvem dentro do infundíbulo. Outros sinônimos comuns incluem cisto infundibular, cisto epidérmico e cisto de inclusão epidérmica. Embora esses cistos sejam reconhecidos como lesões benignas, podem originar neoplasias raras.

Como surgem?

Os cistos são o resultado da obstrução do orifício folicular. O cisto se comunica com a superfície da pele por meio de um orifício, preenchido por queratina. A ruptura do folículo é importante na patogênese, pois pacientes com acne vulgar podem apresentar múltiplos cistos epidermoides originados de comedões. Além disso, também podem ocorrer por lesões traumáticas e penetrantes que levam à implantação do epitélio. Os cistos epidermoides são revestidos por epitélio escamoso estratificado que leva ao acúmulo de queratina na camada subepidérmica ou derme.

Geralmente, os cistos são assintomáticos até a ruptura. Quando os cistos se rompem, ocorre uma reação inflamatória, a partir do deslocamento de queratina mole e amarela para a derme e tecido circundante. Recentemente, a luz ultravioleta (UV) e a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) foram apontadas como causadoras dos cistos epidermoides.

Diagnóstico

A avaliação dos cistos epidermoides é amplamente baseada na história e no exame físico. A necessidade de exame histopatológico da massa excisada é frequentemente debatida. Não é necessário nenhum exame laboratorial. Usualmente, também não são necessários exames radiográficos.

Apresentação Clínica

No exame físico, é observada uma lesão compressível, não flutuante, com tamanho de 0,5 cm a vários centímetros. Uma abertura central enegrecida (comedão) é frequentemente descrita. Os cistos epidermoides geralmente são assintomáticos. No entanto, se rompido, pode se assemelhar a um furúnculo com sensibilidade à palpação, eritema e edema. Nessa situação, pode ser observada a saída de material amarelado, de odor fétido. Alguns pacientes podem descrever um trauma, precipitando a ruptura cística resultante. Uma boa anamnese pode ajudar a determinar se o cisto é um evento isolado, causado por medicamentos, ou se faz parte de uma síndrome genética.

Diagnóstico Diferencial

Dependendo da localização, os diagnósticos diferenciais dos cistos epidermoides incluem: lipoma, cisto dermoide, cisto pilar (cisto istmo-catágeno, triquilemal, wen), furúnculo, cisto de fenda branquial, mília, cisto pilonidal, calcinose cutânea, paquioníquia congênita, esteatocistoma, e achados cutâneos da síndrome de Gardner.

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Tratamento Definitivo

O tratamento mais eficaz envolve a excisão cirúrgica completa do cisto, com sua parede intacta. A excisão completa deve ser adiada se uma infecção ativa estiver presente, pois os planos de dissecção serão difíceis. Nesses casos, uma incisão inicial com drenagem pode ser indicada, a despeito da chance de recorrência no futuro.

A utilização de anestésico local com epinefrina é preferível para minimizar o sangramento. O anestésico deve ser injetado ao redor do cisto, evitando-se a injeção direta no seu interior. É utilizada incisão de pele elíptica, de pequeno diâmetro, com inclusão do núcleo central.

Para resultados cosméticos ideais, é importante manter a incisão nas linhas de tensão mínima da pele. O fechamento subcuticular e epidérmico de múltiplas camadas produzirá um resultado ideal. Uma abordagem cirúrgica alternativa também pode ser feita com uma biópsia por punção e expulsão do cisto intacto através do pequeno defeito.

Se houver inflamação ao redor, a triancinolona intralesional pode ser usada para ajudar a diminuir a inflamação, com posterior remoção cirúrgica. Se houve ruptura e o revestimento do cisto foi destruído, ele não voltará a recorrer. No entanto, a remoção de todo o revestimento cístico é importante para diminuir a recorrência.

Após a excisão cirúrgica, é apropriado evitar esportes de contato e atividades extenuantes. As suturas podem ser removidas após 7 a 10 dias. Os pacientes devem ser orientados que a cicatriz cirúrgica geralmente leva 8 semanas para atingir no máximo 80% de resistência à tração original da pele. A revisão da cicatriz, se necessária, deve ocorrer entre 6 meses a 1 ano após a excisão, pois a fase de remodelação da cicatrização da ferida ocorre entre 3 semanas a 1 ano.

Conclusão

Os cistos epidérmicos são comumente encontrados na atenção primária à saúde por dermatologistas, enfermeiras, cirurgiões e internistas. Embora a maioria desses cistos sejam benignos, é importante enviar a amostra excisada para análise, para garantir que não existe malignidade. Quando completamente excisado, os resultados são excelentes. No entanto, as recorrências são comuns em pacientes com síndromes genéticas.

Referências bibliográficas:

  • Trinh CT, Nguyen CH, Chansomphou V, Chansomphou V, Tran TT. Overview of epidermoid cyst. European journal of radiology open. 2019 Jan 1;6:291-301. doi: 10.1016/j.ejro.2019.08.003
  • Moore RB, Fagan EB, Hulkower SD, Skolnik DC. What's the best treatment for sebaceous cysts?. Clinical Inquiries. 2007
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