O cisto epidermoide, também conhecido como cisto sebáceo, é um nódulo subepidérmico, benigno e encapsulado, preenchido por queratina. Embora sua localização comum seja na face, pescoço e tronco, ele também pode ser encontrado em outras áreas do corpo, incluindo o escroto, genitália, dedos, ou mesmo mucosa bucal.
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Terminologia
O termo “cisto sebáceo” é comumente utilizado, no entanto, é impróprio porque o cisto epidermoide não envolve a glândula sebácea. Os cistos epidermoides se desenvolvem dentro do infundíbulo. Outros sinônimos comuns incluem cisto infundibular, cisto epidérmico e cisto de inclusão epidérmica. Embora esses cistos sejam reconhecidos como lesões benignas, podem originar neoplasias raras.
Como surgem?
Os cistos são o resultado da obstrução do orifício folicular. O cisto se comunica com a superfície da pele por meio de um orifício, preenchido por queratina. A ruptura do folículo é importante na patogênese, pois pacientes com acne vulgar podem apresentar múltiplos cistos epidermoides originados de comedões. Além disso, também podem ocorrer por lesões traumáticas e penetrantes que levam à implantação do epitélio. Os cistos epidermoides são revestidos por epitélio escamoso estratificado que leva ao acúmulo de queratina na camada subepidérmica ou derme.
Geralmente, os cistos são assintomáticos até a ruptura. Quando os cistos se rompem, ocorre uma reação inflamatória, a partir do deslocamento de queratina mole e amarela para a derme e tecido circundante. Recentemente, a luz ultravioleta (UV) e a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) foram apontadas como causadoras dos cistos epidermoides.
Diagnóstico
A avaliação dos cistos epidermoides é amplamente baseada na história e no exame físico. A necessidade de exame histopatológico da massa excisada é frequentemente debatida. Não é necessário nenhum exame laboratorial. Usualmente, também não são necessários exames radiográficos.
Apresentação Clínica
No exame físico, é observada uma lesão compressível, não flutuante, com tamanho de 0,5 cm a vários centímetros. Uma abertura central enegrecida (comedão) é frequentemente descrita. Os cistos epidermoides geralmente são assintomáticos. No entanto, se rompido, pode se assemelhar a um furúnculo com sensibilidade à palpação, eritema e edema. Nessa situação, pode ser observada a saída de material amarelado, de odor fétido. Alguns pacientes podem descrever um trauma, precipitando a ruptura cística resultante. Uma boa anamnese pode ajudar a determinar se o cisto é um evento isolado, causado por medicamentos, ou se faz parte de uma síndrome genética.
Diagnóstico Diferencial
Dependendo da localização, os diagnósticos diferenciais dos cistos epidermoides incluem: lipoma, cisto dermoide, cisto pilar (cisto istmo-catágeno, triquilemal, wen), furúnculo, cisto de fenda branquial, mília, cisto pilonidal, calcinose cutânea, paquioníquia congênita, esteatocistoma, e achados cutâneos da síndrome de Gardner.
Tratamento Definitivo
O tratamento mais eficaz envolve a excisão cirúrgica completa do cisto, com sua parede intacta. A excisão completa deve ser adiada se uma infecção ativa estiver presente, pois os planos de dissecção serão difíceis. Nesses casos, uma incisão inicial com drenagem pode ser indicada, a despeito da chance de recorrência no futuro.
A utilização de anestésico local com epinefrina é preferível para minimizar o sangramento. O anestésico deve ser injetado ao redor do cisto, evitando-se a injeção direta no seu interior. É utilizada incisão de pele elíptica, de pequeno diâmetro, com inclusão do núcleo central.
Para resultados cosméticos ideais, é importante manter a incisão nas linhas de tensão mínima da pele. O fechamento subcuticular e epidérmico de múltiplas camadas produzirá um resultado ideal. Uma abordagem cirúrgica alternativa também pode ser feita com uma biópsia por punção e expulsão do cisto intacto através do pequeno defeito.
Se houver inflamação ao redor, a triancinolona intralesional pode ser usada para ajudar a diminuir a inflamação, com posterior remoção cirúrgica. Se houve ruptura e o revestimento do cisto foi destruído, ele não voltará a recorrer. No entanto, a remoção de todo o revestimento cístico é importante para diminuir a recorrência.
Após a excisão cirúrgica, é apropriado evitar esportes de contato e atividades extenuantes. As suturas podem ser removidas após 7 a 10 dias. Os pacientes devem ser orientados que a cicatriz cirúrgica geralmente leva 8 semanas para atingir no máximo 80% de resistência à tração original da pele. A revisão da cicatriz, se necessária, deve ocorrer entre 6 meses a 1 ano após a excisão, pois a fase de remodelação da cicatrização da ferida ocorre entre 3 semanas a 1 ano.
Conclusão
Os cistos epidérmicos são comumente encontrados na atenção primária à saúde por dermatologistas, enfermeiras, cirurgiões e internistas. Embora a maioria desses cistos sejam benignos, é importante enviar a amostra excisada para análise, para garantir que não existe malignidade. Quando completamente excisado, os resultados são excelentes. No entanto, as recorrências são comuns em pacientes com síndromes genéticas.
Referências bibliográficas:
- Trinh CT, Nguyen CH, Chansomphou V, Chansomphou V, Tran TT. Overview of epidermoid cyst. European journal of radiology open. 2019 Jan 1;6:291-301. doi: 10.1016/j.ejro.2019.08.003
- Moore RB, Fagan EB, Hulkower SD, Skolnik DC. What's the best treatment for sebaceous cysts?. Clinical Inquiries. 2007
Autoria

Juliana Toma
Médica dermatologista, com Residência Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM) ⦁ Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ⦁ Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research) ⦁ Site: https://www.julianatoma.com.br
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