Nos últimos anos a inteligência artificial (IA) começou a desempenhar um papel cada vez mais significativo na medicina e prática clínica, inclusive na pesquisa e manejo do herpes zoster, causada pelo vírus varicela-zoster (VZV). A doença é caracterizada por erupção cutânea e dor em distribuição de dermátomos, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O envelhecimento da população tem aumentado sua incidência e riscos de complicações, como a neuralgia pós-herpética.
Nesse âmbito, a IA surge como uma ferramenta promissora, capaz de processar grandes volumes de dados clínicos e imagens, contribuindo na detecção precoce, acurácia no diagnóstico e previsão de desfechos clínicos e terapêuticos. Apesar disso, ainda não havia uma revisão sistemática que consolidasse o uso e aplicações da IA nesse campo.
Análise recente: aplicações em IA para herpes zoster
Desse modo, este estudo buscou preencher essa lacuna com uma visão abrangente sobre os principais algoritmos, tarefas e dados utilizados, categorizando as aplicações em diagnóstico, tratamento e gerenciamento, além de apontas desafios para pesquisas futuras. Uma revisão sistemática da literatura foi conduzida seguindo as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses).
Três bancos de dados da Web of Science Core Collection, PubMed e IEEE foram pesquisados para identificar estudos relevantes sobre aplicações de IA na pesquisa de herpes zoster em 17 de novembro de 2023. No total, foram incluídos 26 artigos. Os dados foram extraídos sobre os tipos de tarefas de IA; Algoritmos; fontes de dados; tipos de dados; e aplicações clínicas em diagnóstico, tratamento e gerenciamento.
Os resultados mostraram um crescente interesse nas aplicações de IA para o herpes zoster, com predominância de dados provenientes de hospitais, seguidos por bancos públicos e fontes da internet. Os tipos de dados mais usados foram imagens médicas e prontuários eletrônicos. As principais aplicações foram: diagnóstico, tratamento (om algoritmos que previram melhor desfecho terapêutico) e gerenciamento, auxiliando na vigilância epidemiológica, avaliação da carga assistencial e fatores de risco para complicações.
Conclusões e aplicações práticas do estudo:
- A IA tem se mostrado ferramenta promissora na pesquisa do herpes zoster, com potencial para aprimorar o diagnóstico, tratamento e gerenciamento da doença;
- A predominância de algoritmos de classificação, especialmente redes neurais convolucionais aplicadas à análise de imagens demonstrou capacidade da IA em auxiliar a identificação precisa das lesões cutâneas, prever os desfechos terapêuticos e também detectar precocemente as complicações, como a neuralgia pós-herpética;
- Essas soluções podem contribuir substancialmente se forem integradas por meio de softwares em dispositivos móveis ou sistemas hospitalares, principalmente em contextos com poucos especialistas ou áreas remotas;
- A aplicação dessas soluções também pode contribuir para a automação de tarefas administrativas, aliviando a sobrecarga dos profissionais de saúde e permitindo maior foco no cuidado do paciente;
- É necessária a padronização de dados e atenção contínua à ética e à privacidade dos dados clínicos, para que haja avanço sustentável esse campo.
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